Por que se conhecer é tão importante?

Photo by Vince Fleming on Unsplash

Lembra quando você era criança e te perguntavam o que você gostaria de ser quando crescesse e você respondia com uma profissão? Pois bem, você não é uma profissão. E pode ser que no meio do caminho você tenha descoberto que gosta de fazer outra coisa, esquecido completamente aquela ideia (porque afinal de contas você era só uma criança) ou você pode não ter conseguido. E aí, se você não conseguiu, você diria que não é nada? Porque se ser estava intrinsecamente ligado à uma profissão e você não está nessa profissão, então você não é?

Você é moldada pelas experiências que tem, pelas pessoas com quem convive, pelas coisas que gosta de fazer… Mas você já é um monte de coisas. Você já é você. Com qualidades, defeitos, com sonhos e com uma história cheia de aventuras e perrengues que é só sua. E é só quando você para e observa é que se dá conta dessas coisas que compõem quem você é. E também por meio dessa observação você consegue identificar as coisas que contribuem para o seu crescimento ou te atrapalham.

Saber quem você é sempre vai ganhar de deixar que as pessoas te definam por você. É claro que quem convive com você pode contribuir com dicas e pistas sobre a sua personalidade. Mas só você sabe como se sente, o que pensa e o que realmente deseja. O mundo fora da gente distrai. É muito fácil comprar a verdade de outras pessoas desejando ser quem não somos, baseadas em coisas que não temos, para agradar pessoas que não se importam de verdade. Mas as respostas que a gente precisa estão do lado de dentro.

Desde cedo você aprendeu a se guiar pelo por vir. Quando você crescer, quando você conhecer alguém, quando você tiver filhos, quando a fada madrinha chegar e transformar essa abóbora em carruagem… Não precisa ir tão longe. Você já é você. E isso é muita coisa. Porque é você quem decide para onde vai agora. É você quem decide como quer fazer isso. Sendo exatamente quem você é, tendo os defeitos e as qualidades que você tem. Você é o seu ponto de partida e a sua chegada também.

Quando você se conhece, você entende coisas que estiveram aí o tempo todo. Desenha limites, percebe quão grandes são os seus sonhos, se encontra com a sua intuição, identifica suas sombras, não aceita menos do que sabe que merece e aprende muito com a própria jornada. Não é um processo rápido, não acontece do dia para a noite, não é mágica e requer atenção, coragem e disposição para não apenas entender, mas ter a maturidade necessária para fazer ajustes. Vale a pena e te faz compreender que pouco adianta querer conquistar o mundo lá fora sem conquistar o seu mundo aí dentro.

Tudo de novo?

Photo by Danil Aksenov on Unsplash

Mudei meu blog de casa e dei um nome ponto com pra ele. Ano novo, vida nova, não é mesmo? Escrevi isso aqui com outras palavras diversas vezes e enquanto migrava meu conteúdo de plataforma e relia esses textos, pensei o quanto fiquei presa esse tempo todo a essas ideias de “agora vai”. E nunca ia, sabe?

Como já andei dizendo por aí, parece que fiquei bons anos atada à ilusão de que uma fada madrinha apareceria e me recompensaria pelo meu bom comportamento. E o que agora entendo é que até o “bom comportamento” exige riscos. Porque não adianta você ter potencial pra salvar o mundo se você não tem coragem de usar esse potencial pra lutar pelo que você acredita.

Além disso, a tendência de jogar só lá pro futuro a possibilidade de me sentir satisfeita com as coisas não ajudou também. Tantas conquistas e mini conquistas que eu deixei de comemorar por não serem exatamente o que eu queria, sem me dar conta de que celebrar essas pequenas conquistas poderia servir de incentivo pra continuar o meu caminho. No final das contas, eu ainda descobri que nem sabia realmente o que eu queria e estava fazendo.

É ruim a sensação de não saber pra que você existe, mas seria ainda pior não sentir nenhum tipo de incômodo a respeito disso. Às vezes os talentos e habilidades que a gente têm só são validados por nós mesmos quando temos a sensação de servir e de ser útil. E ser útil pode ter tantas caras diferentes que só quem sabe com quanto pode contribuir vai saber se realmente tá entregando tudo o que tem ou sendo medíocre – por preguiça ou má fé.

Enfim, me vi relendo coisas que eu mesma escrevi sem fazer a mais absoluta ideia de onde queria chegar mas jurava que sim. Deixei de me olhar com gentileza e de reconhecer as coisas que eu conquistei sabendo pouco ou quase nada. Quis pertencer à definições de sucesso que não são minhas e olhei pra vida através de uma lente embaçada que fazia nada parecer bom o bastante. Nem eu mesma. E, não vou mentir, alguns dias ainda são assim.

Mas não quero mais agir por preguiça ou má fé e entregar menos do que eu sei que posso. Porque não me sentir útil fere mais do que a minha própria existência. Mas eu também não quero fazer nenhum tipo de promessa ou gerar expectativas de coisas que a gente só sabe como vão funcionar na prática. Então, é isso. Feliz ano novo.

Será que é novo ou só tudo de novo?