Por um momento eu esqueci de viver. Fiquei olhando pro nada, tentando inventar uma vida mais fácil pra você. O que eu estava pensando? Cada um carrega os seus próprios pesos e nessa eu acabei esquecendo dos meus. Falei demais de novo. Pisei além da faixa que demarcava meu limite. E agora estou aqui corroendo de vontade de te ver e me escondendo de todo mundo de novo. Mais uma tentativa não saudável de ver alguém sorrir espontaneamente na minha direção.
Da última vez que eu esqueci da realidade assim, você estava aqui quando eu acordei. Era só a minha imaginação, eu sei, mas parecia de verdade. O dia nublado lá fora, o despertador na soneca, as margaridas murchas no criado-mudo. Tinha mais detalhes do que eu conseguia reparar, porque eu só via você.
Quando despertei da viagem ao mundo da imaginação, ainda estava deitada entre a sua mensagem e a hora de levantar e encarar a vida. Foi quase como viver tudo de novo, mas sem a melhor parte. Foi quase como se você realmente tivesse passado por aqui. Quase. O dia estava mesmo nublado e o despertador na soneca. Mas eu soube quase instantaneamente ao abrir os olhos que não passou de um sonho. Você jamais teria esquecido de me trazer margaridas.
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