Estamos tão acostumadas a viver no meio de muitos estímulos, abraçar a correria diária, o ter que dar conta, a multipotencialidade e suas mil tarefas, que dificilmente sabemos dizer quem somos sem isso tudo. A gente automaticamente se define pelas coisas que faz, que não faz e que quer fazer. E embora eu acredite que essas coisas sejam boas pistas, não acredito que essencialmente nós sejamos essas coisas – mas que nos identificamos com elas. A maioria das certezas que a gente carrega a respeito de quem somos, são definidas por contextos. E a parte essencial de todas nós está muito além dos contextos a que fomos e somos condicionadas – consciente ou inconscientemente.
Existe um vazio e um silêncio entre e por trás de todas as coisas e se conectar com isso é uma tarefa de concentração e desapego (do controle, das certezas, dos rótulos). Esse desapego muitas vezes é exatamente o que a gente precisa praticar para que coisas novas tenham a oportunidade de surgir e se mostrarem. Como em um momento de “distração” em que somos atingidas por uma ideia ou inspiração. Essa distração não era distração de verdade, mas sim presença, foco no que importava viver que era aquele momento. É dessa pessoa não distraída, mas entretida, receptiva e presente que eu estou falando. Quem é ela? Quando ela se entretém? Com o que ela se entretém?
O que você faz quando nada precisa ser feito? O que você diz quando as palavras já não são mais necessárias? O que você cria quando nada precisa ser feito ou criado? Quando o vazio e o silêncio te encontram de peito aberto e a vida apenas é (sem adjetivos), quem é você? Entre e por trás dos medos, das incertezas, das inseguranças, dos traumas… Entre e por trás de todas as coisas que fazem volume em ruído e massa e não te deixam perceber que você já é perfeita do seu jeito (que é o único jeito que importa porque ninguém além de você tem), quem é você?
Embora sejamos feitas essencialmente da mesma matéria, há coisas que nos fazem únicas. Individualidade é uma coisa maravilhosa. Significa que a forma como você faz algo só você pode fazer. E não é que ninguém mais no mundo vá ser capaz de fazer aquela mesma coisa. Só que ninguém vai ser capaz de fazer aquela mesma coisa do mesmo jeito que você faz, porque só tem uma de você. E é dessa você que eu tô falando. Você sabe me dizer quem é ela? O mundo precisa conhecê-la!