Com ou sem você aqui


Eu te emprestei a minha música favorita pra gente se emocionar juntos. Eu sei que pra você talvez não tenha sido mais que uma bonita homenagem, mas dizer que eu não me decepcionei seria mentira. Sei lá, eu estava esperando mais dessa vez, mesmo sem estar preocupada com as horas seguintes. E, só pra ser previsível, agora eu não sei o que eu deveria estar pensando. Mas estou aqui esperando uma atitude de verdade, uma conversa de verdade. Qualquer coisa de verdade. Isso seria melhor do que a incerteza, que é sempre tão presente (quase uma amiga, de tão presente).
Será que você pode pegar essa linha e eternizar ou entender como sendo pra você? Eu aprendi que as pessoas muitas vezes entendem só aquilo que elas querem. E muitas outras vezes elas só pegam aquilo que elas querem. Sem levar em conta o depois, o que fica, o que se espera e o que se pode dizer. É claro que isso não faz de ninguém um super vilão, mas deixa a história incompleta, com muitas reticências desnecessárias. Não é o final pelo qual você pagaria pra ver no cinema. Não se pudesse escolher ou mudar.
Eu não tenho perguntas pra te fazer e nem tenho nada essencial a te dizer. Você tem um prazo que só eu conheço pra decidir se fica na minha vida ou sai de uma vez. Fora isso a vida segue normal e tranquilamente. Sem maiores surpresas ou expectativas. Porque, na verdade, tudo me preparou pro que não está acontecendo. Então, por mais que você realmente não se preocupe, faço questão de dizer pra não se preocupar. Amanhã o sol vai voltar e eu vou receber seu calor de braços abertos. Com ou sem você aqui.

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Poem A Day – O labirinto

Photo by Burst on Unsplash

Entramos nessa juntos, de mãos dadas e pelo mesmo lado. Em algum momento a gente perdeu a comunicação e foi cada um pra um corredor. Desses que não dão em lugar algum e a gente é obrigado a voltar, depois de se perder muito de si mesmo.
A gente se esbarrou. Mas foi só isso mesmo. Acabamos batendo naquela parede e depois cada um seguiu de novo o seu caminho. Acho que não nos demos conta de que aquela era só uma das vezes que a gente se encontraria.
São muitas ruas estreitas, caminhos tortuosos e entradas sem saídas. A gente é obrigado a voltar, tentar encontrar uma reta que leve a algum lugar seguro. E, nos últimos dez anos, todas as ruas sem saída nos colocaram de frente um pro outro. E eu não sei o que pensar.
Espero que essa pegadinha acabe bem. Espero que a gente perceba o que tiver pra perceber antes que seja tarde. Antes que a gente seja obrigado a abandonar esse labirinto chamado vida sem notar que esbarrou várias vezes no que procurava esse tempo todo. ♡

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Escondido

Photo by Anshu A on Unsplash

Vou guardar meu amor num frasquinho. Conservar o pouquinho que sobrou. Esconder no fundo de alguma gaveta bagunçada pra nem eu mesma achar. E no dia que eu me deparar com tal recipiente, então eu vou saber. Vou saber que é você, e que vale o desgaste, o risco, a coragem meio camicaze. Vou tirar o amor do frasco, permitir que ele cresça, preencha os espaços, ocupe os cômodos que estão vazios e empoeirados.
Tudo o que escuto agora é eco. A minha própria voz reverberando nas paredes e lugares desocupados da casa. Tudo o que eu entendo é que não posso entender tudo. Não importa o quanto eu me esforce, eu sempre vou deixar algum detalhe passar. Alguns detalhes não são matematicamente discernidos. E que bom. Sou horrível em matemática. Mas pro que a gente sente não tem cálculo, não tem fórmula, não tem professor. E é por isso que eu vou colocar meu amor num frasquinho. Porque eu não sei o que fazer com ele agora.
Vou deixar lá. No canto. Junto com os clips perdidos e alfinetes que eu nunca lembro onde guardei. Junto com as notas fiscais de produtos que já parei de usar. Junto com algum pedaço de durex usado e embolado. Tudo junto naquela gaveta do lado da cama em que eu só entulho as coisas e nunca me dou tempo de arrumar. Junto com alguma carta que eu escrevi pra mim mesma, pra lembrar de viver, de sentir e de não ter medo. A qual nunca leio. Junto com arame de enrolar saco de pão e post its sem cola. Junto de metades de remédios, cartelas vazias e tarrachas de brincos perdidas. Junto do bom senso, fitas coloridas e panfletos de academia.
Um frasquinho de amor perdido no meio disso tudo. Um frasquinho de amor no meio do caos, da bagunça da vida e da rotina. Um frasquinho de amor escondido, esperando ser encontrado na hora certa. Pra valer o tempo, pra pegar de surpresa no meio de uma tarde de tédio e de reciclagem. Pra encher os olhos d’água, o coração de esperança e o estômago de borboletas. Pra ouvir música com emoção e chorar vendo o filme reprisado da Sessão da Tarde.
Pra você é só um frasquinho de amor. Pra mim é um frasquinho de amor escondido, de alguém que se esconde do amor pra fazer de conta que não precisa dele.
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