autoconhecimento sem fronteiras

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Reflexões, práticas e conteúdos para aprofundar o autoconhecimento, cultivar a consciência de si e viver com mais propósito e autenticidade.

Parem de me dizer o que fazer

Tem sido muito difícil descobrir o que fazer, do que falar e como me comportar neste espaço chamado internet. Primeiro porque tem muita gente dando ordens o tempo inteiro. E eu não fiquei imune a isso. Também tenho minha quota de postagens com frases no imperativo e isso é uma coisa que tem me incomodado. Parte porque é chato e parte porque funciona. As pessoas ainda ainda não aprenderam a rejeitar ordens de estranhos e soluções mágicas. Ao mesmo tempo ninguém para de reclamar que a internet está cheia disso.

Enfim, tenho sentido muita dificuldade em escrever. Escrever pra me expressar e não pra comunicar alguma coisa pra alguém. Sinto falta da minha versão cronista do começo da blogosfera (sim, eu estou aqui há muito tempo), que expunha mais do que precisava, de um jeito que fazia bastante sentido — talvez mais pra mim do que pros outros.

Eu cansei da ideia de ter que ceder a uma performance. E da tentativa, até o momento inútil, de fazer as pessoas embarcarem nas minhas ideias tentando apelar pro que chama a atenção delas (e falhando miseravelmente) e deixando morrer o que é real e verdadeiro em mim. Eu nunca quis fazer um trabalho de fachada e tenho horror à ideia de viver minha vida tentando agradar aos outros e me perdendo no processo.

Eu quero abraçar a minha esquisitice e falta de vontade de estar online o tempo todo documentando cada detalhe da minha vida, sorridente, bem-disposta e imperativa. E parar de sentir que eu preciso me adequar à uma ideia padronizada do que é ocupar este espaço.

E por último, mas não menos importante: parem de me dizer o que fazer, porque eu também vou parar de dizer às pessoas o que fazer e espero que elas parem de aceitar ordens de estranhos na internet.

💬 Que tipo de conselho você já cansou de ouvir por aí? Me conta nos comentários.

Eu não sei perder

🎧 Leia ouvindo You First

Era uma noite de date e nós estávamos brincando de adivinhar artistas pela filmografia ou algo assim. Por uma questão puramente cultural, ele sabia mais do que eu. Começou a fazer piada das vezes que eu perdia e eu comecei a perceber um incômodo muito grande crescer dentro de mim. Fechei a cara, me senti ridícula, não consegui combater o que estava sentindo, mas ao mesmo tempo estava com muita raiva. Identifiquei a Monica Geller (Friends) e a Claire Dunphy (Modern Family) dentro de mim, mas só achei graça da situação dias depois.

Pedi desculpas pelo exagero, ri disso em terapia, entendi que perco mal, que é herança de família e que eu sempre evito situações de competição porque me cobro demais e não vou saber lidar com a frustração de errar — menos ainda de perder por ter errado. Entendo a proporção disso em um contexto de brincadeira, mas decidi que não vou fazer nada a respeito, além do que já faço (evitar me expor a essas situações sempre que puder).

Não tem nada a ver com falta de autoconhecimento, má vontade em melhorar como ser humano ou preguiça de enfrentar o processo. Tem a ver com o fato de que a vida é curta e que já tenho coisas suficientes para lidar. Inclusive essa mesma autocobrança em outros contextos, em situações mais sérias e decisivas na minha vida. É somente uma questão de priorizar o que faz sentido ser trabalhado nesta vida. Senão tudo vira urgente, tudo vira problema e nada mais é feito.

Sou muito a favor da ideia de viver para ser do que se matar de fazer. Então, vou ficar devendo essa. Vou catalogar “eu não sei perder” como parte do meu charme e tocar esse barco. Vou ter que aceitar que não dá para ganhar sempre e abraçar esse “defeito”, porque não vai dar para ser perfeita enquanto eu for humana. E alguns defeitos fazem parte da nossa personalidade. É como a gente se (re)conhece e se identifica com outras pessoas — ou com alguns personagens, no meu caso.

💬 Comente: Qual defeito seu você decidiu abraçar e tornar parte do seu charme?

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Cama sem cabeceira

Passei muitos anos morando na casa dos meus pais, dormindo em uma cama que era par de uma beliche. A estrutura era de ferro e o estrado era de madeira. Depois de muitos anos, aquela cama começou a ficar muito barulhenta. Era insuportável dormir nela porque qualquer mínimo movimento que eu fizesse à noite me acordava por causa do barulho da cama.

Quando eu estava perto de me mudar, ganhei uma cama nova, mais alta, mais firme, com um baú onde eu cabia (mas que usei para guardar as minhas coisas) e sem cabeceira. A ausência de cabeceira me pegou desprevenida, porque eu fazia muitas coisas da minha cama, recostada na cabeceira, de perninhas cruzadas e com paz de espírito. Mas precisei me adaptar à essa nova configuração.

Como não consigo ver nada como apenas a coisa em si, comecei a fazer diversas conexões sobre a falta de cabeceira da minha nova cama e a vida. Depois de muitos anos lidando com o incômodo de uma cama desconfortável (com a qual eu já estava mais do que acostumada) e barulhenta, foi finalmente perto do momento de ter que deixar de me apoiar nos meus pais que eu também perdi o apoio da cama.

Sei lá, na minha cabeça isso equivale a tirar as rodinhas da bicicleta para aprender a se equilibrar. Foi (e tem sido) estranho, mas menos conflituoso do que eu achei que seria. E como uma boa parte das coisas que eu decidi fazer na minha vida, eu me abri para a possibilidade de me sentir desconfortável antes de me adaptar. Faz parte de tudo o que é novo e diferente. Mas se a gente entende que é o melhor, a coisa lógica a ser feita é se jogar.

Já faz mais de seis meses que eu tive a ideia de escrever este texto e eu continuo pensando da mesma forma. A vida dá medo e não dá muitas garantias. O risco é assustador, mas é a única forma da gente ter certeza se alguma coisa vale a pena. O frio na barriga nunca passa, as inseguranças sempre gritam no ouvido, mas se você sabe exatamente o que deseja e confia que tem o que é preciso, você vai encontrar o seu caminho, o seu equilíbrio. Mesmo que sua bicicleta não tenha mais as rodinhas ou que sua cama não tenha mais uma cabeceira.

“If you desire to do something, there is a part of you deep down that knows you’re capable or else you wouldn’t waste your time thinking about it.”

Jen Sincero

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