Autoconhecimento sem fronteiras

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Aqui você encontra textos de amor, de amizade, de experiências minhas (ou não), desabafos sobre a vida e reflexões do meu próprio processo de autodesenvolvimento.

Poem A Day – A maquiagem


Era só pra realçar e terminou por esconder a cara que eu fiquei depois daquele tchau. Não foi como um até logo, não foi amigável, não foi tranquilo. Na verdade, pode até ter sido tudo isso, mas tudo o que não foi dito gritou na minha cara todas as verdades que eu costumo ignorar. A vida tem dessas coisas. E justamente quando a gente pensa que está tudo bem.
No instante seguinte eu me peguei vendo fotos de pessoas que eu não conheço, expondo alegrias que eu nem sei se são reais. Às vezes isso me dá raiva e às vezes, quando eu tô cansada de tudo, só me dá vontade de sorrir e fingir como todos eles. E todas elas… tão bonitas, tão perfeitas. Todas as dores escondidas em sorrisos e maquiagem. E assim a gente vive mais uma rodada achando que é feliz pra caramba e que o mundo nos pertence.
Sei lá. Às vezes eu considero demais as possibilidades e esqueço de encarar a realidade, que não é tão bonita e nem tão horrível quanto na minha cabeça. Vou dormir achando que tenho todo o tempo do mundo e acordo com pressa de viver. Mesmo assim, não pense que eu esqueci, a minha foto também estará lá. Com alguma dor requentada escondida em sorriso e maquiagem. E, de alguma forma, em algum lugar do mundo, alguém vai me ver e pensar o mesmo que penso dos outros.

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Poem A Day – Uma releitura

Photo by Artem Bali on Unsplash

Abri o guarda-roupas com raiva e com pressa. Têm coisas que precisam de urgência, pois já passaram da validade. Encarei sem dizer nada aquele tanto de coisas e peças que de uma certa forma fizeram e fazem parte de mim. No entanto, era só uma das muitas etapas. Olha a vida acenando, o tempo sendo o apressado de sempre, o dia virando noite e eu não tendo oportunidades de dizer adeus, de dizer “me espera” ou de perder mais dez minutos deitada na cama.
De alguma maneira esquisita e esquecida (porque eu sempre faço questão de não pensar muito sobre isso e acabo esquecendo), é como se uma voz aqui dentro me dissesse pra não me preocupar além da conta. Porque, certas ou erradas, todas as coisas vão voltar pro lugar. E, por mais bagunçada que eu me sinta, sei que na vida tudo tem um tempo certo de acontecer, mesmo que tudo pareça acontecer fora do tempo. A gente tenta explicar e nunca consegue. Mesmo assim, todo mundo entende.
Então, o guarda-roupas. Aquele cheiro de roupa guardada há muito tempo… E aquelas peças que eu uso sempre emboladas na parte mais visível. Sim, eu sei. Foi necessário sentir raiva, pressa e um pouco de medo de nunca ser o que eu preciso. Foi necessário parar de pensar e fazer alguma coisa. Qualquer coisa. Abrir um guarda-roupas negligenciado e com cheiro de roupa velha e perceber que quem precisa de uma releitura sou eu.

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Poem A Day – Os estilhaços


Ninguém pode ouvir a minha mente barulhenta. Ainda bem, pensei em voz alta. Alguém perguntou o que eu disse, expliquei que fazia parte de uma conversa interna. Acho que todo mundo sabe que não se pergunta mais nada quando alguém diz isso. Era aparentemente um dia como outro qualquer, mas tinha um ar denso, difícil de respirar. Por mais perguntas que eu me fizesse, não conseguia encontrar uma resposta. Não conseguia entender por que eu sentia tanta raiva.
Me lembrei das expectativas que as pessoas têm em mim e que eu não quero corresponder. Queria poder dizer com todas as letras que eu não ligo e que é melhor começarem a se acostumar com o desapontamento. Mas meu querer fica sempre guardado. Escorre junto das lágrimas de frustração que eu não consigo conter em algumas tardes de domingo. Talvez eu assustasse ainda mais as pessoas se as deixasse saber o quanto penso em coisas que ninguém fala muito.
Às vezes parece que eu acumulo raiva e a sinto toda de uma vez. Tipo bola de neve. E eu fico com vontade de quebrar meu quarto inteiro, gritar com todo mundo, me isolar de tudo e ser louca sozinha. Os barulhos das pessoas me irritam, a porta trancada me conforta, contato me deixa impaciente, ter que ser coerente e coordenada me entristece de um jeito que nem sei dizer.
O “ter que” me tortura, me adoece, me deprime. Então, eu me fecho tentando controlar o impulso e a respiração. Ainda bem que ninguém pode ouvir, porque certamente tentariam conter o barulho, a raiva, o descontrole e os estilhaços imaginários de coisas que eu não quebrei. Mas gostaria.

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Poem A Day – O lá menor


Eu espero que não dê tempo de você perceber. É que eu andei vagando a tarde inteira buscando uma palavra que pudesse expressar. Atrasei o café, não ouvi a buzina do padeiro… A rotina me cansa, a programação porca da TV nem sempre dá conta do meu tédio e, especialmente hoje, não surgiu nada novo pra ocupar o vazio, pra preencher os ouvidos e aquecer o coração.
Olha, já faz muito tempo. Eu nem sei que tipo de desculpa seria aceitável, mas eu não quero inventar uma. Já faz muito tempo que ando fazendo de conta, que vivo da boca pra fora com medo do que vão dizer. Quer dizer, será que isso é mesmo viver? Será que eu poderia encontrar algum tipo de conforto no que não estou dizendo, e transformar esse silêncio num silenciador de opiniões que eu não peço?
Daqui a pouco vai ser tarde outra vez e vou ter que esperar o amanhã. Vendo as luzes piscarem na parede, contando o número de vezes que consigo respirar fundo em quinze minutos. Vou sentir frio na barriga por causa da sensação de que alguma coisa faltou e que amanhã eu vou ter outra chance. Vou pegar meu violão surrado e cansado, como o meu coração, e ensaiar minha dor baixinho. Em lá menor…

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Poem A Day – O silêncio


Ficou após você. Após o ruído da louça contra a parede. E os vasos de planta no chão. Ninguém se feriu com os cacos (ainda bem), mas as palavras deixaram feridas abertas. Tudo o que não foi dito antes, saiu num curto espaço de tempo. Fazendo eco, vibrando as janelas e paredes da casa. Fazendo a vizinhança parar por um momento pra se assustar com a gente.
Era um fim de tarde, fim de paciência, fim da resistência, fim de nós. A natureza cumpria seu papel. Nós nos desfazíamos em oitavas prolongadas. Fazíamos o barulho das nossas almas ruidosas preencher todos os cômodos. E eu ainda não sei como dois seres serenos de repente foram capazes de tamanha confusão. Tudo ficou escuro assim como o céu lá fora naquele dia.
E agora, sem ter pra onde correr, sem louça pra quebrar, sem ter com quem gritar, sobraram os cacos. Depois das malas com as suas roupas, depois de bater a porta do táxi, depois de ir embora, você não viu o que ficou. Ficou o burburinho dos vizinhos, ficou a luz acesa refletindo no vidro quebrado no chão. Ficou o silêncio da sua ausência pelos cantos me fazendo tentar entender o que aconteceu.

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Poem A Day – O labirinto

Photo by Burst on Unsplash

Entramos nessa juntos, de mãos dadas e pelo mesmo lado. Em algum momento a gente perdeu a comunicação e foi cada um pra um corredor. Desses que não dão em lugar algum e a gente é obrigado a voltar, depois de se perder muito de si mesmo.
A gente se esbarrou. Mas foi só isso mesmo. Acabamos batendo naquela parede e depois cada um seguiu de novo o seu caminho. Acho que não nos demos conta de que aquela era só uma das vezes que a gente se encontraria.
São muitas ruas estreitas, caminhos tortuosos e entradas sem saídas. A gente é obrigado a voltar, tentar encontrar uma reta que leve a algum lugar seguro. E, nos últimos dez anos, todas as ruas sem saída nos colocaram de frente um pro outro. E eu não sei o que pensar.
Espero que essa pegadinha acabe bem. Espero que a gente perceba o que tiver pra perceber antes que seja tarde. Antes que a gente seja obrigado a abandonar esse labirinto chamado vida sem notar que esbarrou várias vezes no que procurava esse tempo todo. ♡

[Esse texto virou uma música e você pode ouvir aqui]

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Poem A Day – A menina Marina

Photo by Todd Diemer on Unsplash

Já era tarde e estava chovendo. Marina com seus olhos alagados, tinha o olhar perdido na direção da janela. Tinha vida escapando na sua expiração, tinha dor saindo pelos poros. E ela sentiu falta de ser uma criança e brincar na poça d’água quando chovia. Sentiu falta de brincar de rodar com a boca aberta e a língua de fora em dias de chuva, e não ver mal algum nisso porque não existia mal algum pra ver.
Fazia mais de três noites que o travesseiro não segurava o peso do seu descontentamento. Seus braços ao redor de seus joelhos apertados contra o peito. Sua boca seca de palavras que ela não conseguia verbalizar. Seus olhos molhados de lágrimas que não rolavam. Marina teve medo de nunca sentir direito e morrer afogada em sua tristeza.
Em nenhum outro momento da vida ela havia se sentido assim. E ela sempre teve medo de sentir, porque isso significava doer. E ela sempre escondeu suas lágrimas, porque acreditava que isso era fraqueza. E lembrou de seu avô dizendo “a menina Marina não chora”. Por um momento ela quis ser aquela garotinha orgulhosa outra vez. Mas percebeu que passou a vida se escondendo do inevitável.
Contemplou a si mesma no reflexo da janela. Percebeu que nada no mundo poderia prepará-la pra tamanha perda. Ela entendeu que não se escreve uma vida observando chover, mas se banhando em cada gota. Abrindo os braços, pisando na poça e pondo a língua de fora pra sentir o gosto da chuva.
Marina, o peso do mundo não tem peso pra te impedir de ser menina.
Vá brincar na chuva! ♡

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