Fique com a saudade


Ela não era do tipo que se apagava e você devia saber. Ela era pássaro livre. Mas você ficou contente em abafar a chama, em vê-la aprisionada. Ela era do tipo que acreditava até perder todas as esperanças, mas você sabia que ela jamais voltaria atrás quando se desse conta que nunca houve verdade. Talvez por isso todos os cenários falsos, as falas programadas, o papel de herói foram seus aliados. Você sabia que ela jamais seria sua se pudesse te ver de verdade, porque ela era real demais pra caber nas suas mentiras.
Ela era pássaro com a asa machucada, acreditando que não poderia mais voar. Você ofereceu a mão e uma carona. E enquanto prendia a atenção dela com um mundo irreal, mantinha a ferida aberta, pra ter certeza de que ela não iria a lugar algum. Ela tentou voar pra longe várias vezes, mas suas armadilhas a atraíam de volta. Então, ela ficou. Se desiludiu, murchou e chorou vezes demais. Mais do que era necessário, mais do que era aceitável, mais do que era permitido alguém chorar.
Um dia, como por mágica, ela acordou não curada, mas bem o bastante pra bater as asas pra longe. Longe o bastante pra não te enxergar. Longe o bastante pra não sentir mais, não doer mais, não sofrer mais. E só assim ela conseguiu ver que não precisava do seu cativeiro, do seu alimento, do seu estranho afeto, do seu controle. Ela não precisava cantar pra você, se exibir pra você e nem te agradecer por nada. E ela estava, enfim, livre pra descansar e curar suas feridas.
Hoje ela voa, ela canta, ela existe e não se esconde. Hoje ela quer mais, ela sabe que pode, que não se apaga e que foi feita para voos altos. De você ninguém mais sabe. Um predador, um mau caráter, um alguém pra se manter distância, um alguém pra nunca mais se ouvir falar. Ela ficou com os olhos abertos, com ensinamentos e lições da vida que não vai mais esquecer. Ficou com cicatrizes, com lágrimas secas no rosto, mas sempre pronta a recomeçar. Ficou com a liberdade, com os sonhos, com o impulso de voo.
Você ficou com o mesmo. Ficou o mesmo. Ficou pra trás. Ficou com os restos. Ficou à espera de uma resposta pra uma pergunta inventada e sem resposta, mais uma armadilha criada por você. Ficou com o brinde, com o que não preenche, com o que não distrai, com o que não colore, com o que nunca vai ser. Pois fique. Mas fique longe, pois não sabe manter perto. Fique em paz, mas fique onde está. Fique com a lembrança do que poderia ter sido, mas não foi. Fique e entenda que ninguém fica porque você quer, mas porque é bom ficar. Fique com a saudade do que ela nunca foi de verdade quando estava com você.
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Trezentos e tantos dias e além

Photo by Evan Kirby on Unsplash

Me deixa ser alguém que te traz paz. E não me deixa nunca esquecer que é esse alguém que eu devo ser. Que o tempo e a vida não desfaçam o calor que eu sinto no peito quando você tá por perto. Que nunca seja o bastante o tempo que eu passo com você e que você queira sempre voltar.
Eu prometo fazer o possível pra te fazer rir sempre, mesmo querendo chorar. Prometo segurar sua mão sem dizer nada quando não houver nada a ser dito. E eu espero te olhar com encantamento todas as vezes que te encontrar. Como se fosse a primeira vez, como se fosse o primeiro beijo. Como se você tivesse passado seu braço ao redor do meu pescoço e me feito perceber que havia mundo fora da minha bolha. E eu ainda lembro como aquilo foi inesperado… ♡

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Você sabe, eu sei


Eu não queria te olhar com outros olhos. Mas quando eu vi os seus olhos de perto, eu percebi coisas que não tinha visto todas as outras vezes. E eu lutei pra fazer de conta que era coisa da minha cabeça. Aquele tipo de ilusão que a gente se apega por falta do que fazer, sabe? E passei muito tempo ignorando uma verdade que sempre esteve presente de alguma forma.
Depois que você deixou de ser uma mera ilusão, eu demorei pra entender, pra me abrir, pra me sentir parte. Tava eu de um lado tentando lidar com um excesso de bagagem que não me fazia bem e você do outro, com a maior paciência, pra entender, acolher e não me deixar sentir menos do que você via que eu era.
Tem quase um ano e eu evito falar da gente. Você sabe. Eu sei. Ninguém tem nada com isso. 
Eu amadureci demais em vários sentidos e não dá pra dizer que foi sozinha. Eu tenho um medo danado de te jogar mais responsabilidades do que você tem. Mas nossas vidas não acontecem por acaso, sem ajuda ou sem companhia. E eu posso contar com você. E você comigo.
Ainda dá um gelinho no peito não te ter perto sempre. Mas a gente tem aquela música pra se lembrar um do outro. Tem tudo o que a gente sente, tudo o que a gente viveu e tudo o que a gente ainda vai viver… 
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