O que você chama de amor?


Ela estava ali abrindo o coração, dizendo que o amava desde a adolescência. Mas que não tinha mais forças pra correr atrás e se desgastar em vão pra conseguir que aquele afeto fosse retribuído. Me pareceu uma confissão dolorosa. Daquelas que as pessoas fazem quando não suportam mais o peso do sofrimento que carregam, mas estão mais ou menos acostumadas a ele.

Escuto esse tipo de coisa e sempre fico intrigada. Por que a gente acha que o amor é desse jeito? Por que a gente acredita que se não rolar sofrimento, muita dor, rejeição e frustração a gente não está sentindo direito? E, pior, por que a gente nutre sentimentos por quem tá pouco se lixando pra gente? É um ideal que a gente monta, esperando que o outro corresponda. Mas a verdade é que se ele não gosta, é uma perda de tempo muito grande tentar fazer com que ele note como você é legal e amável. Se ele não sabe disso, então ele visivelmente não merece a sua companhia.
Não, amiga. Não é você que está perdendo a chance inenarrável de tê-lo por perto. Não tem nada de errado com você. Não é o seu cabelo, não é o seu jeito, não é o seu corpo e nem a sua forma de ver a vida. E mesmo que fosse! Não seria por causa dele que você deveria mudar, mas por sua causa. Se transformar numa pessoa que ele hipoteticamente amaria não vai te fazer bem e não é a fórmula mágica pra felicidade.
Sabe o que pode te fazer bem? Entender que nenhum outro amor vai te bastar se ele não partir de você pra você antes de mais nada. Clichê, não é mesmo? Mas aprendi a não subestimar os clichês quando, na prática, percebi que eles fazem muito sentido. Enquanto cê tá aí chorosa, o mundo continua girando. Olha esse tempo perdido com quem não liga! Como eu já disse, não tem nada de errado com você. Exceto acreditar que existe fórmula mágica pra felicidade.
A gente se decepciona, chora e desacredita, até perceber que, embora isso tenha acontecido um número considerável de vezes, isso não precisa ser um padrão. E muito menos normal! Se ele não te enxerga como uma mulher incrível, desencana porque não é ele. E não fica com medo de largar o osso, amiga. Você não precisa dele. Não chame de amor as migalhas às quais você se agarra pra se sentir menos sozinha. Não tem nada de errado em ser só, desde que você suporte a sua própria companhia.
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Pensando aleatoriamente sobre a vida

Photo by David Solce on Unsplash

Músicas que me deixam muito feliz também me deixam muito triste, porque eu lembro que em algum momento a felicidade se finda e ficam só as lembranças. Talvez elas devessem bastar, mas não bastam. Os vestígios, a antiga luz de uma chama que não queima mais, a brisa leve de uma ventania que já passou faz tempo… Sério, eu não sei como vocês lidam com isso e não enlouquecem. Na verdade, nem todo mundo sai dessa muito são, é só parar pra reparar.
Estou aqui ouvindo minhas músicas favoritas do momento, sentindo o peito vibrar de uma energia gostosa e melancólica ao mesmo tempo. Sei explicar não. Quero chorar de emoção e de tristeza ao mesmo tempo, porque eu sei que daqui a pouco eu não vou sentir mais nada disso. Talvez fique chata demais pra me sensibilizar ouvindo uma música ou desacredite no amor em algum momento ou passe a olhar tudo de maneira saudosa demais pra me envolver ao envelhecer.
Aliás, que medo que dá crescer, envelhecer, amadurecer! Fica tudo tão automático, tão da boca pra fora, tão superficial. Como se a casca que a gente vai criando pra não se machucar com facilidade deixasse a gente de pedra, insensível, sem graça, comum demais pra se importar, pra sentir, pra chorar, pra se sentir no direito de se divertir e de se deslumbrar com as coisas. Volto a dizer que, sério, eu não sei como vocês aguentam. Assim como não sei como eu aguento e levanto todos os dias sabendo disso e mais um pouco e, ainda assim, não querendo desistir, nem desacreditar e, muito menos, deixar de sentir isso tudo.

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Do jeito que eu sei sentir

Eu empilho os meus livros. Preparo um lanche rápido e arrumo a bagunça que deixei na cozinha. Eu esqueço os copos fora do lugar. Escrevo alguma coisa sem importância. Crio duas ou mais playlists, assisto cinco episódios da minha série favorita e mesmo assim não me livro de pensar em você.

É bom de um jeito que até assusta. Porque eu fui boba mais vezes do que eu gostaria. Andei em círculos um número de vezes que não consigo me lembrar. Você provavelmente não sabe porque não estava lá. Mas eu sei que estava em algum lugar tendo suas próprias decepções. A vida infelizmente é cheia delas.
E hoje eu estou me protegendo, me distraindo e tentando disfarçar que só penso em você. Estou aqui lembrando dos ângulos, do cheiro e das caretas que eu tanto gosto. Estou aqui fazendo de conta que não quero escrever este texto pra deixar vazar um pouco do que não quero te contar. É que eu sabia, lá no fundo. Mas eu tinha medo. E eu ainda tenho medo de te amar mais do que eu consigo aguentar sem me perder de mim.
Mas eu ainda estou aqui. Com a cara, a coragem e um monte de sentimentos puros (e alguns não tão puros assim) por você. Desculpa, eu só sei sentir assim.

[Esse texto virou uma música e você pode ouvir aqui]
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