De dentro da bolha

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Photo by Tobias Reiner on Unsplash

A limitação do outro não pode me limitar. Sempre digo isso e sempre tento ter isso em mente porque o que quer que você acredite, se torna verdade pra você. E isso não significa que isso é ou deva ser uma verdade pra mim.

Faz um certo tempo que a gente tem notado que tá todo mundo vivendo projetando as suas visões e as suas crenças no outro. A minha opinião e aquilo que eu acredito não deveria me colocar no centro de grades mas, além disso, não deveria me fazer querer inserir o outro nas grades que só existem na minha cabeça. A gente tem passado muito tempo tentando ditar, ensinar e obrigar as pessoas a viverem por aquilo que a gente acha que é certo. Mas o que é certo?

A minha bolha só me permite enxergar o que tá dentro dela. Ninguém é obrigado a ser menos ou mais do que aquilo que já é pra caber na minha interpretação de mundo. Ninguém precisa desempenhar os papéis que eu crio na novela da minha cabeça. Assim como eu não tenho que caber na sua expectativa. O que você espera ou não de mim é coisa sua. O que você entende do que eu faço ou deixo de fazer é a sua interpretação pessoal, baseada nas experiências que você teve, nas coisas que você aprendeu. Pode ou não ter a ver com a realidade.

A gente quer liberdade, mas não sabe dar liberdade. A gente quer se desprender das amarras dos pensamentos dos outros e quer obrigar os outros a viverem pelos nossos pensamentos, pelos nossos ideais e pelas nossas opiniões. O mundo não funciona assim. As pessoas são muito além do que aquilo que a gente acha que enxerga delas. E é bom a gente aprender a lidar com isso e cuidar cada um da sua própria vida e da sua própria jornada, tá bom?

Então tá (:

Fora do automático

Processed with VSCO with m5 presetOlá, fazia tempo que eu não aparecia por aqui. Estava tentando encontrar não só as palavras certas, mas também a razão certa pra continuar criando (texto, foto, música – enfim, conteúdo). Parece que eu considerava algumas coisas tão certas que passei a fazer tudo no automático. E o automático não me deixa criar e me põe em processo de repetição. Repetição de ideias, de palavras e de padrões que não são saudáveis pra mim (e são pra alguém?).

Eu dei um chega pra lá em todas as vozes na minha cabeça que repetem: o que vão pensar de você quando virem isso? Bom, eu cheguei à conclusão de que vão pensar mesmo sem ver. Ou não vão pensar, porque cada um tem o seu próprio rolê. A gente perde muito tempo tentando adivinhar o que as pessoas vão pensar e elas podem estar ocupadas demais pra sequer lembrarem que a gente existe. Também pode ocorrer de elas não estarem assim tão ocupadas. E neste caso, elas deveriam. Pronto. Também penso algo delas, então estamos quites.

Eu entendo os motivos pelos quais as coisas que eu decido sobre o que faço possam parecer banais. Mas eu não sei fazer nada sem encontrar um sentido. Se leio um livro, ouço uma música ou assisto a um filme ou série, em algum momento uma cena, uma frase, uma palavra vai me atingir de um jeito diferente e me fazer pensar um pouco mais sobre a vida. Eu penso muito sobre a vida. E percebi que tava na hora de parar de só pensar e fazer alguma coisa. Mesmo que essa coisa me assuste e não faça sentido pra muita gente.

Nos últimos dois anos eu passei a repensar todas as coisas que eu estava fazendo no automático. As ideias automáticas, as fotos automáticas, as músicas e os vídeos tutoriais automáticos e, o pior de tudo, a busca automática por sonhos que não faziam mais sentido. Passei a tentar entender em que momento tudo isso se perdeu e o que nisso tudo eu realmente gostava e o que era só o que as expectativas das pessoas sobre mim demandavam.

Foi desconfortável perceber que eu estive apegada a certas coisas por puro costume. E foi reconfortante perceber que não é necessário abrir mão de uma coisa só porque outra parece fazer mais sentido. Pelo menos não por enquanto. A gente pode (e eu acredito que deve) somar as nossas habilidades. Combinar nossas possibilidades para criar algo que faça sentido dentro do nosso mundo e no mundo de quem mais se permitir sentir isso. E foi assim que eu descobri que não estava fazendo metade do que eu poderia, gostaria e deveria estar fazendo.

Então, eu desliguei o automático e me pus a observar. Me observar. E eu quero compartilhar as coisas que eu descobrir sobre existir, tentar e viver neste mundo. Porque mais do que encontrar sentido nas coisas, eu quero dividir isso. Mesmo que às vezes nada faça sentido e não me reste outra alternativa a não ser tentar de novo. E de novo. E assim até que eu encontre o sentido. Ou que ele me encontre. ♡

A importância do rolê

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Teoricamente eu não deveria chamar de rolê porque sou do Rio e aqui as pessoas chamam (ou chamavam) de rolé. Mas como eu vivo mais no meu país internet do que por aí, eu acostumei com o rolê que leio nas redes sociais mesmo. E é justamente aí que começa o assunto.

Quando eu decidi trabalhar “em casa”, produzindo conteúdo, abrindo mão do pouco contato físico com pessoas que eu tinha, ficou muito fácil passar dias e até semanas sem sair de casa. Levou um tempo até eu ter a capacidade de perceber que o mal que eu sentia de vez em quando era por causa do isolamento.

Estava pensando nisso na última semana e não pude deixar de lembrar do jogo The Sims. Quando o Sim fica sem interação social, ele fica deprimido e não quer mais fazer o restante das atividades. Resolvi me tratar como um Sim (e minha cabeça começa a puxar várias outras conexões quando digo isso, mas vou deixar pra outra hora) e prestar mais atenção no que eu preciso. Porque percebi que não adianta nada ficar pensando “quando eu terminar projeto tal, aí sim vou sair”, porque eu não consigo terminar projeto tal se a cabeça não estiver boa.

Eu trabalho com criação. E, mesmo tendo muita preguiça de gente, eu preciso dar uma volta de vez em quando e ver gente, além dos meus pais. E eles também trabalham em casa, então dia desses convoquei todo mundo pra dar uma volta, ver uns carros antigos (a gente foi ver a IV Exposição de Carros Antigos de Maricá – tem mais fotos no meu Instagram) e tomar um ar. Voltou todo mundo pra casa mais leve e alegrinho.

E por mais óbvio que isso seja, às vezes a gente se sufoca tanto com o precisa fazer (no que diz respeito às responsabilidades que assume), que esquece que também precisa dar um tempo pra cabeça. Da mesma forma que o corpo precisa de comida, água, atividade física e noites de sono, nossa mente precisa de outras paisagens, experiências e outros ares pra funcionar bem.

Se você é tão caseiro quanto eu (o que eu duvido), não se esqueça de sair de dentro do seu quarto, da sua casa, da sua rotina e da sua bolha. Às vezes esse negócio estranho que você tá sentindo é só falta de ver alguma coisa além das suas quatro paredes. Pode ter certeza que o que você precisa fazer e resolver ainda vai estar aí quando você voltar. Mas você vai estar com mais disposição pra lidar com isso depois de perceber que o mundo e a vida lá fora continuam acontecendo. Deus abençoe o rolê

IMAGENS QUE FIZ NA EXPOSIÇÃO DE CARROS NO VÍDEO ABAIXO:

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