Uma das coisas que eu mais ouço dizerem e que eu também digo aos montes é que é muito importante você saber quem você é. Não que isso seja uma coisa que a gente descobre da noite para o dia ou que uma vez cientes da resposta a gente nunca mais precise investigar, prestar atenção ou tomar notas. Se conhecer é um processo longo, extenso e muitas vezes dolorido. Mas é necessário, especialmente quando a gente pretende usar a própria voz, a própria força e as próprias habilidades para se expressar. Se expressar sempre vai exigir uma dose extra e ainda mais corajosa de autoconhecimento.
Conhecer quem somos, as nossas paixões, os nossos desejos e sonhos, nossos afetos e desafetos, nossas qualidades e defeitos é um caminho que revela uma série de respostas interessantes e incômodas que ajudam na montagem do nosso quebra-cabeças. E, nesse caminho, também dizem (e eu também digo – porque acredito) que é muito importante a gente conhecer e definir os nossos limites. É importante principalmente para que não sejamos desrespeitadas, invadidas e menosprezadas naquilo que tem valor para a nossa alma.
Acredito de verdade que é muito importante a gente saber impor a nossa vontade, definir e verbalizar (acima de tudo, para as outras pessoas) até onde a gente está disposta a ir e respeitar aquilo o que nosso corpo e a nossa alma pedem. Mas acredito que é ainda mais importante que a gente conheça os nossos limites para podermos ultrapassá-los.
Talvez isso soe um pouco controverso, mas eu acho que alguma coisa se perde na nossa constante necessidade de afago. Está tudo bem precisar de colo, de espaço, de tempo, de abraço, de compreensão. Só não está tudo bem confundir essas coisas com uma desculpa para não se responsabilizar pela própria vida. E eu compreendo que esteja difícil, mas não vai ficar mais fácil se a gente simplesmente fizer beicinho e cruzar os braços.
O autoconhecimento é um desafio em si, mas ele também permite que a gente tenha a oportunidade de saber a melhor forma de se desafiar e se expandir. Você já deve ter ouvido que a zona de conforto é o tipo de lugar onde nada realmente interessante acontece. Seus limites estão ali intactos porque você não se aproxima deles para saber se é possível ir um pouco mais além.
E, não me entenda mal, eu não estou falando sobre se atropelar, pular etapas ou ser cruel consigo mesma. Estou falando sobre não ser condescendente com as suas próprias habilidades, capacidades e desejos. Você consegue fazer mais quando é para outros, por que raios você não conseguiria fazer o mesmo por você? Não tolere ser a pessoa que faz corpo mole para realizar as próprias conquistas porque, enquanto elas forem apenas ideias na sua cabeça, elas não vão poder mudar a vida de ninguém. Nem a sua.