Breves presenças de quem nunca foi embora


Meu coração aquece de ternura. E logo eu lembro de voltar à realidade, de piscar mais duas vezes e de parar de suspirar. Parece uma simples história que acaba com o verão, mesmo eu querendo que durasse até o final do inverno. Além do meu coração, meus pés também poderiam ser aquecidos. Mas afasto esse pensamento de mim e me afasto de você de uma maneira que você nem percebe. Talvez porque faça a mesma coisa e se defenda da mesma maneira burra, assustada e desajeitada que eu.
Eu prestei atenção na nossa última conversa. Tinha tanta coisa que a gente dizia por ansiedade e tantas outras que a gente não dizia por medo. Eu não sei se fico feliz ou triste por te encontrar nessa altura da vida em que tudo mudou tanto e parece que a gente tá finalmente pronto pra alguma coisa. Mas parecer não muda em nada os fantasmas, as sombras e as reticências quase infinitas de inseguranças guardadas numa caixa dentro do guarda-roupas. Há músicas, histórias e mensagens de amor querendo ser escritas, mas tudo isso demanda tempo.
E agora, olhando pro teto, eu lembro da saudade, lembro do cheiro e do sorriso. Tudo isso me traz uma saudade imensa de coisas que eu acho que nunca vivi de verdade. E ao mesmo tempo me traz um medo que me faz querer não me aproximar de você outra vez. É claro que isso não dura nem dez minutos e eu começo a repassar toda a história, com detalhes borrados e apagados pela minha memória fraca. Se fosse possível, eu diria que te quero aqui pelos próximos mil anos. Como não é, fico feliz se você puder (e quiser) ficar por, pelo menos, mais dois meses.
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Publicado por

Elisa Alecrin

Provocando a realidade de dentro para fora e documentando o processo.

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