O que tem de bom

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Photo by J-S Romeo on Unsplash

A gente não ganha nada olhando só pro lado de onde não vem coisa alguma. E soa até meio óbvio colocado dessa forma, mas raramente a gente se dá conta de olhar pro que tem de bom na nossa vida. Desgasta menos a nossa energia e nossa vontade de meter a cara e continuar tentando alcançar coisas melhores. Já coloca a gente em pé de igualdade com aquilo que a gente quer e sonha. Porque no final das contas a gente já tem alguma coisa boa pra agradecer. As oportunidades de levantar todos os dias conseguindo olhar pro céu e respirar e tendo a chance de contemplar a vida, sabe?

Realmente acredito que dá pra ver graça na menor e mais boba das circunstâncias. É só se empenhar um pouco. A gente pode passar muito tempo acreditando que não teve o que precisava ou o que queria, mas também pode simplesmente olhar pra tudo o que a gente nem esperava e mesmo assim recebeu. E que tudo isso foi suficiente pra gente ser quem é (satisfeitos ou não com quem somos – e se insatisfeitos, cientes de que podemos mudar) e que daqui por diante a gente decide pra onde vai. Sem sentir pena de si mesmo, sem dar passos pra trás querendo andar pra frente. Apenas cientes de que olhar pras nossas faltas só faz a gente se sentir em desvantagem com o mundo.

Quando a gente entende e repara no tanto de coisa que recebeu, que aprendeu, que entendeu e que pôde viver, a gente não se sente mais tão distante daquilo que a gente quer. E menos ainda do que a gente é. Se isso é bom, ruim, precisa de mudança ou não, a gente descobre. Mas também não cria barreiras quando precisa recomeçar.

De dentro da bolha

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Photo by Tobias Reiner on Unsplash

A limitação do outro não pode me limitar. Sempre digo isso e sempre tento ter isso em mente porque o que quer que você acredite, se torna verdade pra você. E isso não significa que isso é ou deva ser uma verdade pra mim.

Faz um certo tempo que a gente tem notado que tá todo mundo vivendo projetando as suas visões e as suas crenças no outro. A minha opinião e aquilo que eu acredito não deveria me colocar no centro de grades mas, além disso, não deveria me fazer querer inserir o outro nas grades que só existem na minha cabeça. A gente tem passado muito tempo tentando ditar, ensinar e obrigar as pessoas a viverem por aquilo que a gente acha que é certo. Mas o que é certo?

A minha bolha só me permite enxergar o que tá dentro dela. Ninguém é obrigado a ser menos ou mais do que aquilo que já é pra caber na minha interpretação de mundo. Ninguém precisa desempenhar os papéis que eu crio na novela da minha cabeça. Assim como eu não tenho que caber na sua expectativa. O que você espera ou não de mim é coisa sua. O que você entende do que eu faço ou deixo de fazer é a sua interpretação pessoal, baseada nas experiências que você teve, nas coisas que você aprendeu. Pode ou não ter a ver com a realidade.

A gente quer liberdade, mas não sabe dar liberdade. A gente quer se desprender das amarras dos pensamentos dos outros e quer obrigar os outros a viverem pelos nossos pensamentos, pelos nossos ideais e pelas nossas opiniões. O mundo não funciona assim. As pessoas são muito além do que aquilo que a gente acha que enxerga delas. E é bom a gente aprender a lidar com isso e cuidar cada um da sua própria vida e da sua própria jornada, tá bom?

Então tá (:

Fora do automático

Processed with VSCO with m5 presetOlá, fazia tempo que eu não aparecia por aqui. Estava tentando encontrar não só as palavras certas, mas também a razão certa pra continuar criando (texto, foto, música – enfim, conteúdo). Parece que eu considerava algumas coisas tão certas que passei a fazer tudo no automático. E o automático não me deixa criar e me põe em processo de repetição. Repetição de ideias, de palavras e de padrões que não são saudáveis pra mim (e são pra alguém?).

Eu dei um chega pra lá em todas as vozes na minha cabeça que repetem: o que vão pensar de você quando virem isso? Bom, eu cheguei à conclusão de que vão pensar mesmo sem ver. Ou não vão pensar, porque cada um tem o seu próprio rolê. A gente perde muito tempo tentando adivinhar o que as pessoas vão pensar e elas podem estar ocupadas demais pra sequer lembrarem que a gente existe. Também pode ocorrer de elas não estarem assim tão ocupadas. E neste caso, elas deveriam. Pronto. Também penso algo delas, então estamos quites.

Eu entendo os motivos pelos quais as coisas que eu decido sobre o que faço possam parecer banais. Mas eu não sei fazer nada sem encontrar um sentido. Se leio um livro, ouço uma música ou assisto a um filme ou série, em algum momento uma cena, uma frase, uma palavra vai me atingir de um jeito diferente e me fazer pensar um pouco mais sobre a vida. Eu penso muito sobre a vida. E percebi que tava na hora de parar de só pensar e fazer alguma coisa. Mesmo que essa coisa me assuste e não faça sentido pra muita gente.

Nos últimos dois anos eu passei a repensar todas as coisas que eu estava fazendo no automático. As ideias automáticas, as fotos automáticas, as músicas e os vídeos tutoriais automáticos e, o pior de tudo, a busca automática por sonhos que não faziam mais sentido. Passei a tentar entender em que momento tudo isso se perdeu e o que nisso tudo eu realmente gostava e o que era só o que as expectativas das pessoas sobre mim demandavam.

Foi desconfortável perceber que eu estive apegada a certas coisas por puro costume. E foi reconfortante perceber que não é necessário abrir mão de uma coisa só porque outra parece fazer mais sentido. Pelo menos não por enquanto. A gente pode (e eu acredito que deve) somar as nossas habilidades. Combinar nossas possibilidades para criar algo que faça sentido dentro do nosso mundo e no mundo de quem mais se permitir sentir isso. E foi assim que eu descobri que não estava fazendo metade do que eu poderia, gostaria e deveria estar fazendo.

Então, eu desliguei o automático e me pus a observar. Me observar. E eu quero compartilhar as coisas que eu descobrir sobre existir, tentar e viver neste mundo. Porque mais do que encontrar sentido nas coisas, eu quero dividir isso. Mesmo que às vezes nada faça sentido e não me reste outra alternativa a não ser tentar de novo. E de novo. E assim até que eu encontre o sentido. Ou que ele me encontre. ♡