autoconhecimento sem fronteiras

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Contos, crônicas e produções textuais sobre amor, a vida e amizade.

Como tatuagem

NINGUÉM É MUITA GENTE. O mundo está repleto de pessoas, de propósitos, de sonhos, de oportunidades e possibilidades. Acredite, alguém vai te achar interessante, bonito, engraçado. Alguém vai ouvir sua música, dar valor aos seus desenhos, encomendar seu trabalho, pagar pelo valor que você gera e divide com o mundo. Tem lugar pra todo mundo no mundo, caso contrário não estaríamos aqui.

Quem tá fazendo a convivência uma coisa difícil somos nós mesmos. Seres humanos, com um conhecimento muito básico sobre o que é sentir, pensar, viver, ocupar esse planeta. Por que a gente tem que aceitar a limitação num planeta como esse? Olha como que a vida existe! Por que eu tenho que limitar a minha existência? Por que eu tenho que acreditar que eu sou menos do que eu realmente sou? Olha esse céu, esse sol e a lua quando tá cheia e começa a subir no céu e fica tão grande e bonita que a gente corre pro Twitter e pergunta: cês já viram a lua hoje?

A vida nunca para de florescer, de acontecer, de seguir e isso independe de nós. Tudo só é. Independente das nossas mazelas, dos nossos traumas, das nossas dores e das nossas manhas. Esse pensamento sempre me encontra como um abraço quente e me faz entender (e acreditar) que tá tudo bem. Sempre esteve. E pode ficar ainda melhor se eu mantiver essa certeza visível e gravada em mim como uma tatuagem.

Um conjunto de coisas

Nem sempre o que me leva a pensar em algo valioso pra forma como eu levo a minha vida é uma coisa boa. Mas no final das contas, eu sempre acredito que as coisas acontecem por alguma razão. Seja pra gente se expandir em felicidade ou aprender algo que vai permitir que a gente evolua. Mas eu também vejo que muita coisa a gente ignora porque tem medo, porque é ignorante (e eu acho que medo e ignorância caminham juntos), porque é preguiçoso ou porque [insira aqui sua desculpa de estimação].

E foi analisando friamente uma dessas situações, pras quais a gente não tá preparado ou munido de ações e palavras, que eu comecei a pensar em como os nossos hábitos, por mais bestas que sejam contribuem pra nossa saúde de uma maneira geral. É eu sei, isso não é nenhuma novidade. Mas fiquei pensando em quanta coisa não é novidade e mesmo assim a gente simplesmente ignora, não pratica e varre pra baixo do tapete das nossas certezas, que não servem pra absolutamente nada, já que a gente diz “eu sei”, mas não faz uso.

O que eu percebi é que a gente quer abraçar o mundo, mas mal consegue dar conta de si. Somos seres trinos e nosso corpo, alma e espírito precisam ser constantemente cuidados. Tanto quanto a gente quer cuidar de tudo o tempo todo. A impressão que eu tenho é que a gente faz um esforço muito grande pra mudar o mundo à nossa volta, quando bastaria que cada um cuidasse de si mesmo, com esse mesmo empenho que temos em cuidar de coisas que estão fora de nosso controle.

É legal como a gente tenta cuidar da nossa saúde física, por exemplo, mas acho bobo quando isso vem sozinho. Seu corpo é mais do que as suas pernas, seus braços e seus órgãos. Seu corpo também é o que você pensa, o que você sente, o que você entra em contato através dos seus ouvidos, da sua visão e do que você deixa entrar no seu coração. É, porque enquanto você estiver vivo/a, sua alma faz parte do seu corpo. E assim também, o seu espírito. E tudo isso contribui pra que a gente se sinta melhor ou pior, mesmo que a gente não concorde.

Sua saúde física e mental (e até espiritual também) depende de um conjunto de hábitos. É claro que dependendo do que a gente faz, onde a gente estuda ou trabalha e das pessoas que estão em volta de gente, esses hábitos podem ser mais ou menos moldáveis. E é justamente por isso que a gente tem que observar como que tá deixando a rotina, as coisas e as pessoas afetarem a gente.

Se você é uma pessoa que tende a querer controlar o mundo à sua volta igual a mim, é importante demais pensar se você tá fazendo tudo o que pode pra cuidar do seu mundo interno. Porque é ele que vai te ajudar a lidar com todo o resto. Se você cuida da alimentação do seu corpo, mas não cuida da alimentação da sua mente, pode ser que em algum momento se manifeste no seu corpo algum sintoma de algo que a sua mente não conseguiu dissolver sozinha. E se você só cuida da mente e não cuida do corpo, em algum momento seu corpo vai reclamar também.

É uma questão de autocuidado e também de equilíbrio.

O que tem de bom

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Photo by J-S Romeo on Unsplash

A gente não ganha nada olhando só pro lado de onde não vem coisa alguma. E soa até meio óbvio colocado dessa forma, mas raramente a gente se dá conta de olhar pro que tem de bom na nossa vida. Desgasta menos a nossa energia e nossa vontade de meter a cara e continuar tentando alcançar coisas melhores. Já coloca a gente em pé de igualdade com aquilo que a gente quer e sonha. Porque no final das contas a gente já tem alguma coisa boa pra agradecer. As oportunidades de levantar todos os dias conseguindo olhar pro céu e respirar e tendo a chance de contemplar a vida, sabe?

Realmente acredito que dá pra ver graça na menor e mais boba das circunstâncias. É só se empenhar um pouco. A gente pode passar muito tempo acreditando que não teve o que precisava ou o que queria, mas também pode simplesmente olhar pra tudo o que a gente nem esperava e mesmo assim recebeu. E que tudo isso foi suficiente pra gente ser quem é (satisfeitos ou não com quem somos – e se insatisfeitos, cientes de que podemos mudar) e que daqui por diante a gente decide pra onde vai. Sem sentir pena de si mesmo, sem dar passos pra trás querendo andar pra frente. Apenas cientes de que olhar pras nossas faltas só faz a gente se sentir em desvantagem com o mundo.

Quando a gente entende e repara no tanto de coisa que recebeu, que aprendeu, que entendeu e que pôde viver, a gente não se sente mais tão distante daquilo que a gente quer. E menos ainda do que a gente é. Se isso é bom, ruim, precisa de mudança ou não, a gente descobre. Mas também não cria barreiras quando precisa recomeçar.

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