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Categoria: Contos & Crônicas Page 8 of 21

Contos, crônicas e produções textuais sobre amor, a vida e amizade.

Então ok e bola pra frente

Photo by Lê Tân on Unsplash

Um salve pra todo mundo que some de vez em quando. Que cansa, que pesa, que não faz ideia do que tá acontecendo, que teme e que já não aguenta mais tudo isso. Um salve pra quem chora no banho e tem trilha sonora praquilo que nem sabe dar um nome. Um salve pra quem leva a culpa de um troço que nem sabia que tinha acontecido. Um salve pra quem tenta, mesmo mais caindo do que conseguindo ficar de pé. Um salve pro reflexo no espelho de quem andou um tempo sem paciência pra cuidados básicos com a pele.
Vira e mexe isso vem. Ninguém sabe de onde, como ou por quê. Inventamos motivos, sintomas e curas que nunca curam de verdade. Vestimos sorrisos, paranoias e embarcamos em conversas que nem acreditamos de verdade, só pra fazer de conta que não tem nada acontecendo. Mas tem alguma coisa acontecendo, a gente só não sabe dizer o que é. E aí a gente vai pra mais uma rodada de faz de conta, de quem é a bola da vez, a fofoca da vez, a moda da vez, o cacete a quatro da vez… E tentando fazer parte de tudo ou acompanhar tudo, a gente se perde, se embola, se atrasa e tropeça na gente mesmo.
O mais engraçado (que na verdade não é exatamente engraçado) é que tá quase todo mundo no mesmo barco, mas estamos todos tão acostumados a fingir, a varrer pra debaixo do tapete, a se entupir de um monte de coisas pra tapar nossos buracos e ostentar uma certa produtividade (e profundidade) que quando para pra reparar que o mundo inteiro tá errado, se assusta ao saber que todo mundo sabe, mesmo fingindo que não.
Então ok, e bola pra frente, mesmo querendo chorar em posição fetal até desidratar antes de dormir. E um salve pra você que não desiste de nada mesmo com as possibilidades se mostrando cada vez mais assustadoras dia após dia.
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Coisas que a gente nunca vai saber (ainda bem)


Você nem sabe as coisas boas que eu tinha planejado pra gente fazer. As piadas das quais a gente ia dar risada. As músicas que iam embalar nossas tardes juntos. A infinidade de melodias e letras que a gente ia trocar. O tanto que eu ia te xingar por ser um trouxa, que eu não ia conseguir ficar longe, mas um trouxa. Você não sabe e nem se deu o trabalho de me deixar dizer. Ficou tudo meio perdido, meio borrado numa tarde fria, num lugar distante e desconhecido. E toda vez que eu dobro uma esquina distraída ainda me lembro de lá.
Apesar de não fazer mais sentido, nem falta, nem nada, as possibilidades vez ou outra acenam. Não como se fosse algo pelo qual eu ainda espero, mas uma curiosidade mórbida de tentar imaginar como teria sido. Se você não tivesse deixado cair na caixa postal. Se você não tivesse me evitado. Se eu tivesse me respeitado, te ignorado e entendido desde então que era o jogo do quem é mais insensível. Mas não.
E aí eu pude ver todas as suas nuances, as sombras, as partes feias e coisas com as quais jamais poderia conviver. Incomodou pra caramba por um tempo e depois me deu raiva, ranço, desprezo. Destruí as pontes pra não ter a menor chance de voltar atrás. Não voltei e nem quero. Mas quando me dá tédio eu olho naquela direção. Só pra inventar uma história. Só pra me dar o que pensar e distrair de olhar pro teto. Só pra me ver de um jeito que eu nem reconheço mais (ainda bem). Só pra ter certeza de que eu não desperdicei as coisas boas que eu tinha planejado com alguém que não merecia ter ficado. E me fez o favor de não ficar.

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Tudo passa, tudo muda


Foi vasculhando os fundos das gavetas, as caixas embaixo da cama, os cadernos velhos, os papéis amassados. Foi procurando pistas que eu a encontrei. Quem? Eu. Eu do passado. Eu com outras ideias do futuro, com outras aspirações, outras vontades. Com certezas que já morreram, com opiniões que amadureceram e com sonhos diferentes.
Talvez eu não tenha percebido o quanto sou sincera nas minhas anotações. Mas, quando a gente está no olho do furacão, fica meio difícil perceber as coisas com clareza. A vida é quase um álbum de figurinhas, que você precisa pagar um preço por pacotinhos que você não sabe o que têm dentro para tentar completar todas as páginas. É uma comparação meio besta, mas foi a que consegui pensar agora.
Meus pensamentos até hoje são interrompidos por parênteses chatos e muitas vezes engraçados que eu abro para falar de mim mesma. Eu olho para as antigas fotos e fico tentando imaginar o que aquela garota estava pensando quando fez aquela pose e o que ela estava sentindo naquela época. Ainda é tão cedo para olhar para quem eu fui, mas é sempre um caminho de autodescoberta fazê-lo.
Dentre todos os papéis amassados, cadernos velhos, fotos antigas, eu me encontrei. Encontrei a essência. Encontrei quem sempre fui e que fica mais ou menos legal, mais ou menos inteligente com o passar do tempo. E percebi que a gente não precisa ter vergonha de quem foi, desde que isso signifique que agora a gente se tornou alguém melhor. Tudo o que a gente sente passa, opiniões podem mudar, tudo à nossa volta pode mudar. Mas há de se manter a essência. A boa essência de quem somos.
Era uma vez uma menina com muitos sonhos. E ela não morreu nem nada. Apenas percebeu que algumas coisas mudam e que isso nem sempre significa uma boa coisa. Mas também não significa o fim do mundo. Ninguém pode permanecer para sempre no engano e mais cedo ou mais tarde as verdades aparecem. E a gente para de se confundir e de fazer drama por todos os lados.
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