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Categoria: Provocando a Realidade Page 7 of 19

Conteúdos sobre autoconhecimento, organização pessoal e pequenos rituais que trazem magia ao dia a dia.

Agindo a partir da inspiração

No final do último ano, eu comecei a trazer a ideia de intenção para ajudar as pessoas (e a mim mesma) a pensarem fora do modo automático. Falei disso diversas vezes, usei exemplos e fiz enquetes recorrentes para auxiliar a compreensão de uma maneira intencional de viver e de agir. A intenção como principal ferramenta na hora de viver o seu dia, de ir atrás das suas coisas e de colocar no mundo as suas ideias.

Mas o que passa por mim amadurece, ganha outras formas, começa a ter vida própria e a me mostrar outras possibilidades. Foi isso o que aconteceu com a ideia de intenção, que passou por uma metamorfose e ganhou outro sentido dentro de mim e das minhas ideias ultimamente.

Aconteceu enquanto eu escrevia, como acontece com a maioria das ideias que se desenvolvem em mim. E aconteceu principalmente enquanto eu vivia. Eu fui percebendo que, na prática, você pode ter muitas intenções ou uma única intenção forte, robusta e clara. Mas a vida vai continuar acontecendo, situações vão continuar atravessando o seu caminho e pessoas vão continuar tentando, nem sempre por mal, interromper o seu fluxo.

Há muitos anos eu fiz parte de uma companhia de dança na escola. Eu gostava da ideia de praticar uma atividade física artística. Naquela época eu tinha uma aversão à prática de outros esportes (e não vou mentir que essa aversão não existe mais), e escolhi a dança como modalidade na educação física. Passei por situações diversas naquele período, mas a coisa que sempre me apavorou foi a improvisação.

Por uma série de motivos, improvisar sempre foi (e continua sendo) um medo paralisante para mim. Eu era uma criança tímida que virou uma adulta reservada e extremamente autocrítica. Então, me colocar em situações de experimentação é apavorante. O que, muitas páginas matinais depois, eu descobri que não me protege em nada de pagar grandes micos ou estar sujeita a situações que, para mim, são vexatórias.

No entanto, nos últimos tempos, eu venho buscando maneiras de fazer o trabalho interno e melhorar a qualidade do diálogo que tenho comigo mesma. E uma das ferramentas que eu mais me identifico é o ho’oponopono, que, de maneira muito resumida, é uma técnica havaiana para limpeza de memórias – que vai de encontro à forma como eu compreendo a espiritualidade, para além de qualquer religião.

Tenho experiências muito boas com a prática e escolhi fazer dessa ferramenta uma das minhas principais formas de lidar com o que venho percebendo no meu mundo (interno e externo). E é, a partir dela, que a ideia de intenção começa a se desmontar e ganhar um outro sentido para mim.

Eu comecei a perceber que muitos dos meus sonhos se realizam de maneiras inesperadas – a maioria deles, na verdade. Eu crio cenários, planejo, ajo de acordo com as minhas convicções e o resultado das coisas quase nunca depende diretamente de algo que eu mesma fiz.

Não acho que funcione assim para todo mundo. Acredito que existem pessoas que vão funcionar pelo poder da intenção, que vão colocar o foco e a força delas em ação e a partir disso elas vão realizar seus propósitos. E também acredito que existem outras pessoas que precisam compreender que não controlam tudo e que vão realizar seus propósitos utilizando o poder da inspiração – ou, em outros termos, serão guiadas pela fé.

Soa contraintuitivo hoje em dia falar de inspiração e de fé. É de uma confiança que as pessoas não estão acostumadas. Eu entendo. Foi o que eu pensei quando comecei a perceber essa ideia se formando. Mas ela não tem nada a ver com parar e esperar a vida acontecer. Não estou falando que vou cruzar os braços e esperar tudo cair no meu colo. Nunca é assim.

Também não estou falando que eu não tenho intenções. Ter intenções é ter propósito e isso é essencial para a vida. E não estou falando de propósito em um sentido mágico e transcendental, estou falando que todo mundo deve saber quem é, do que gosta e o que realmente deseja. É daí que parte a intenção. Isto não mudou.

O que mudou é que em vez de agir a partir da intenção, eu vou agir a partir da inspiração. Vou precisar aprender a ouvir a minha intuição, a abrir mão de um controle que eu nunca tive e perder o medo de improvisar com a vida e com o que quer que ela lance no meu caminho. Abandonar a ideia de que as coisas deveriam ser de um jeito quando elas obviamente são de outro. Não me deixar paralisar por planejamentos rígidos ou por ideias pouco abrangentes de como alguma coisa pode acontecer.

Agir a partir da inspiração para parar de julgar e começar a seguir ideias que parecem aleatórias, confiando que elas vão me levar para mais perto das minhas intenções, ainda que não pareça. Confiar que a minha Energia Criativa sabe exatamente quem eu sou, do que eu gosto e o que eu realmente desejo até melhor do que eu mesma e que ela não vai me colocar em furada. E confiar, principalmente, que até as situações desafiadoras existem por uma razão e que ainda que a inspiração me leve para um lugar muito diferente, ela sabe que é exatamente ali que eu vou encontrar o que preciso.

Isto não é necessariamente convidativo, eu sei. Não existem garantias. Eu estou começando a falar disso porque é uma necessidade minha e porque eu decidi que faria o meu trabalho este ano da maneira mais autoral possível. E eu estou aqui escrevendo a partir de uma ideia que parece aleatória, enquanto ela vai ganhando forma dentro de mim, na minha vida e, aparentemente, no meu trabalho. Escolhi ouvir e me deixar guiar. Prometo documentar o processo, estar atenta e fazer a minha parte.

A partir da inspiração e com AMOR. 🖤

A direção certa do esforço

Photo by Jen Theodore on Unsplash

“Deixe sua intuição te guiar. Você é o que você estava procurando.”

Quanto mais você se conhece, melhor você se expressa. Quanto mais você se expressa, melhor você se conhece. Viver é esse eterno fluxo. A conexão, o contraste, a aventura. Ir e voltar sempre permite que a gente acesse novas partes da gente e se conheça numa profundidade que a falta de fricção não permite.

Viver no fluxo do eu é perceber suas nuances, entender que suas sombras fazem parte de quem você é, de quem você não é e de quem você quer se tornar (que eu chamaria de se lembrar da sua verdadeira natureza). Viver esse fluxo é se abrir para se conhecer e se deixar ser sem se julgar, sem se limitar e sem deixar que te limitem por vergonha, por medo, por mágoas ou por apatia.

O sentido da vida é a gente que dá

A gente pode criar seguindo o que está dentro da gente ou seguindo aquilo que é conveniente de acordo com opiniões alheias. A menos que você tenha muito medo de descobrir o que você guarda aí dentro, ter a sua história como referência sempre vai gerar identificação e conexão, por mais doloridas que tenham sido as suas experiências. Essa pra mim é a parte mais bonita: a possibilidade de curar nossas dores ajudando outras pessoas a enfrentarem coisas parecidas como quem diz: eu já passei por isso, eu te entendo e a gente vai ficar bem.

Isso não tem o mesmo efeito quando é feito artificialmente. Para fluir naturalmente, a gente precisa embarcar no fluxo, mergulhar em quem somos, estudar a nossa própria história e encarar momentos como algo além dos momentos em si. O sentido da vida é a gente que dá e isso não acontece da noite para o dia. É observação, construção, composição.

Entregue ao fluxo

Qual é a história que você está se contando? Qual é a história que você quer que contem quando você se for? Pode parecer muito para pensar, mas quando você está realmente entregue ao fluxo, não precisa pensar tanto, apenas ser. E o ser dá conta de ligar os pontos que a gente não consegue por se preocupar demais.

Se esforçar costuma ser doloroso quando não estamos alinhados com nosso coração. E quando tamos, mal parecemos nos esforçar, porque agimos a partir da inspiração. Parece simples, mas demanda um esforço interno bastante insistente. Porém, eu venho aprendendo que essa é a direção certa do esforço: para dentro.

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Respeite a sua história

Photo by Colton Sturgeon on Unsplash

Em um mundo cada vez mais digitalizado, ficou mais fácil editar não só nossa aparência, mas também a nossa vida para que tudo fique cada vez mais aesthetic, simétrico e perfeito. Com isso, ficou também muito mais fácil a gente comparar nosso tapete antigo e surrado com a grama sintética recém instalada e verdinha dos vizinhos que a gente pode jurar (dada a grande quantidade de filtros e efeitos) que é natural. Ficou cada vez mais comum sentir a tal da frustração com as partes das nossas vidas que não são instagramáveis, enquanto comparamos o nosso dia a dia e nossos bastidores com o palco de outras pessoas. Isso sem contar que a gente também alimenta esse sistema editando a nossa vida e mostrando só as partes legais. Fica fácil acreditar que tudo é perfeito, mesmo que no fundo a gente saiba que não é bem assim.

Enquanto vemos tantas vidas, fotos, corpos e projetos perfeitos, é comum sentir a necessidade de resetar a nossa existência, começar tudo de novo sendo novas e melhores pessoas. A possibilidade de recomeçar sempre vem como uma excelente alternativa à nossa falta de perspectiva, de desenrolo com os problemas atuais e com a ideia de que tudo vai ser diferente a partir de agora. Essa possibilidade vem acompanhada do sentimento de querer fazer melhor, de uma esperança iludida de deixar para trás quem a gente foi, as coisas erradas que a gente fez, de abandonar toda a confusão que a gente já sentiu, tomar decisões mais acertadas, endireitar nossos passos, encontrar nosso rumo e, enfim, se comprometer com o nosso progresso.

Não me leve a mal. Eu acho importante demais saber a hora de desistir de alguma coisa, de saber se reinventar e recomeçar quando é necessário. Mas acho que também é necessário haver alguma resiliência ou nos tornamos viciadas em recomeçar. Porque recomeçar, muitas vezes, é a alternativa fácil. É a alternativa de quem não sabe lidar com o meio do processo, de quem evita sentir a frustração de não saber como enfrentar novos desafios e de quem prefere o conforto de ser sempre iniciante em alguma coisa – o nível de responsabilidade é menor, as cobranças são menores e a desculpa de estar “só começando” é uma aliada perfeita ao nosso medo de se tornar grande demais. Recomeçar é recurso para quem já tentou de tudo e precisa de novos ares. Não é um recurso para quem tem medo do próximo passo e do quanto esse passo leva para mais fundo e para mais dentro do mar.

Imagine que você está dentro de um barco em alto mar e, embora saiba aonde quer chegar, toda vez que sente que se perdeu você volta para o porto. Você dificilmente vai conseguir chegar aonde quer porque está sempre voltando para o mesmo lugar – o começo. Agora imagine que sempre houve uma bússola em perfeito estado dentro deste barco mas que, por desconfiar da sua capacidade de interpretar o funcionamento dela, você continuou tomando a mesma decisão de voltar para o porto seguidas vezes. Parece insensato, não é mesmo? Mas a gente faz isso em outros contextos e, muitas vezes, sem perceber.

A vontade de começar “do zero” e ter uma trajetória livre de máculas nos impede de perceber que muitas histórias já foram escritas, muitas lições aprendidas e muitas habilidades foram desenvolvidas porque o nosso caminho foi exatamente do jeito que já aconteceu. Por mais que a gente queira jogar uma pá de terra em cima do nosso passado, ele não vai mudar. A gente pode dar sentido a tudo o que já viveu e usar essas bases para construir uma história nova sem precisar desconsiderar o que veio antes, porque o que veio antes permitiu que a gente se tornasse o que é agora – para o bem ou para o mal, não é deletando o seu passado que você resolve o seu futuro, mas fazendo escolhas conscientes no presente.

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