Tudo de novo?

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Mudei meu blog de casa e dei um nome ponto com pra ele. Ano novo, vida nova, não é mesmo? Escrevi isso aqui com outras palavras diversas vezes e enquanto migrava meu conteúdo de plataforma e relia esses textos, pensei o quanto fiquei presa esse tempo todo a essas ideias de “agora vai”. E nunca ia, sabe?

Como já andei dizendo por aí, parece que fiquei bons anos atada à ilusão de que uma fada madrinha apareceria e me recompensaria pelo meu bom comportamento. E o que agora entendo é que até o “bom comportamento” exige riscos. Porque não adianta você ter potencial pra salvar o mundo se você não tem coragem de usar esse potencial pra lutar pelo que você acredita.

Além disso, a tendência de jogar só lá pro futuro a possibilidade de me sentir satisfeita com as coisas não ajudou também. Tantas conquistas e mini conquistas que eu deixei de comemorar por não serem exatamente o que eu queria, sem me dar conta de que celebrar essas pequenas conquistas poderia servir de incentivo pra continuar o meu caminho. No final das contas, eu ainda descobri que nem sabia realmente o que eu queria e estava fazendo.

É ruim a sensação de não saber pra que você existe, mas seria ainda pior não sentir nenhum tipo de incômodo a respeito disso. Às vezes os talentos e habilidades que a gente têm só são validados por nós mesmos quando temos a sensação de servir e de ser útil. E ser útil pode ter tantas caras diferentes que só quem sabe com quanto pode contribuir vai saber se realmente tá entregando tudo o que tem ou sendo medíocre – por preguiça ou má fé.

Enfim, me vi relendo coisas que eu mesma escrevi sem fazer a mais absoluta ideia de onde queria chegar mas jurava que sim. Deixei de me olhar com gentileza e de reconhecer as coisas que eu conquistei sabendo pouco ou quase nada. Quis pertencer à definições de sucesso que não são minhas e olhei pra vida através de uma lente embaçada que fazia nada parecer bom o bastante. Nem eu mesma. E, não vou mentir, alguns dias ainda são assim.

Mas não quero mais agir por preguiça ou má fé e entregar menos do que eu sei que posso. Porque não me sentir útil fere mais do que a minha própria existência. Mas eu também não quero fazer nenhum tipo de promessa ou gerar expectativas de coisas que a gente só sabe como vão funcionar na prática. Então, é isso. Feliz ano novo.

Será que é novo ou só tudo de novo?

Coisas que nunca mudaram

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Acredito que mudar é bom e necessário. Acho que a gente perde muito tempo se julgando por isso. E perde ainda mais tempo julgando os outros por terem mudado, porque isso nos obriga a redescobrir as pessoas. Mas todo mundo pode e, em muitos casos, deve mudar. É o que permite que a gente se reinvente, cresça e amadureça muitas visões e avance pra outros aprendizados, outras fases, outras coisas.

Mas o oposto de mudar também tem o seu valor e a sua importância. Especialmente quando a gente se perde um pouco de si mesmo, se frustra com a vida ou não encontra as respostas que estava procurando. Nessas horas é bom saber o que sempre esteve ali e quais são as características, anseios, desejos e opiniões que sempre estiveram presentes e pautaram a nossa personalidade.

Eu preciso ser sincera. Nem todas as coisas que estão ali desde sempre ou desde que a gente consegue se lembrar são realmente boas. Pode ser que a gente descubra que algumas delas sejam a base de quem a gente é. Nesse caso, acho que o melhor que a gente pode fazer é abraçar seja lá o que for esse negócio e aprender a lidar com isso de uma maneira que mais nos ajude do que atrapalhe.

Eu sempre usei a escrita como uma maneira de tentar entender um pouco do caos que minha cabeça fica de vez em quando. Sempre lembro da “penseira” do Dumbledore quando falo disso. Escrever é tirar um peso da minha cabeça. E é algo que eu faço desde que consigo me lembrar. E nem sempre essa escrita era como está sendo neste momento. A música também sempre me ajudou a aliviar alguns pesos internos. E esse é um processo que até hoje não sei explicar muito bem. A música continua sendo uma incógnita pra mim.

Existem coisas mais sombrias sobre mim que nunca mudaram e eu costumava acreditar que precisava delas pra ser criativa, mas eu abandonei essa crença. Porém algumas dessas coisas continuam aqui e isso é um pouco desesperador, mas é caso pra terapia, então eu vou deixar pra terapia.

De qualquer modo, eu percebo que certas coisas sobre mim nunca mudaram. Talvez ter parado pra prestar atenção nisso seja um indício de que alguma dessas estruturas precisam ruir pra criar outras melhores. Não sei. E essa é outra constante… há muitas coisas que eu não sei. E isso eu sei que não vai mudar.

No começo de alguma coisa

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Photo by Aziz Acharki on Unsplash

Dia desses minha amiga compartilhou o vídeo de uma menina muito talentosa que faz maquiagens e vídeos divertidíssimos. Entrei na página dessa minha amiga pra comentar que eu vi aquela menina (e tantas outras) em começo de carreira e eu mesma estava lá em começo de carreira com elas também. E cá estou, em começo de carreira ainda, vendo essa menina e tantas outras atingirem níveis de sucesso que eu jamais fui capaz de imaginar pra mim mesma. E acho que é aí que reside o problema.

Eu não olho pra essas meninas pensando que eu queria o que elas têm, porque mesmo admirando o que elas fazem, é tudo bem diferente do que eu sei e gosto de fazer. Mas fico tentando entender em que parte do caminho eu desandei pra não ter “desabrochado” no mesmo tempo. E nem é uma questão de querer acontecer no mesmo tempo que todas elas, mas entender o que eu preciso fazer de diferente agora pra não me sentir pra sempre presa no começo de alguma coisa. E aquele problema do primeiro parágrafo, acaba de encontrar um amiguinho.

Quando eu era criança/adolescente, eu só me imaginava sendo duas coisas: cantora ou pediatra. Dada a minha inabilidade com qualquer coisa relacionada à saúde, sobrou o cantora mesmo. Por muito tempo, eu tive certeza que não seria nada além disso. E agora, mesmo sendo mais ou menos uma cantora, acho essa uma das coisas menos prováveis de me levar aonde eu quero chegar. E no meio do caminho de lá pra cá, eu fui descobrindo muitos outros interesses, como a escrita, como a internet e, mesmo sendo uma pessoa estranha, com dificuldades pra socializar e ter a atenção das pessoas voltada pra si, eu sou 100% da comunicação. Eu gosto é disso aqui, comunicar ideias. Seja através de textos, fotos, vídeos ou música.

Acho que, por muito tempo, eu não soube o que fazer pra usar todas as minhas habilidades e criar algo que eu soubesse dizer o que era. Não saber o que eu tô fazendo me deixa sem um objetivo claro. Sim, muita gente começa assim e dá certo, mas acho que não é o meu caso. Então, acredito que faltou entender o que eu realmente queria, onde eu queria chegar e, por consequência, eu não coloquei todo meu esforço em todas as mil coisas não pontuais que eu estava fazendo. E, claro, acho que a sorte resolveu nem me dar bola, já que ela sabia que eu estava confusa.

Hoje eu consigo enxergar isso um pouco melhor. Estou construindo a minha própria visão de sucesso e estou entendendo o que quero e o que não quero em termos de realização pessoal e profissional. Acho que a clareza disso me faz dar passos mais firmes e ter ideias mais coerentes com o meu objetivo de ser fiel à mim mesma e aos meus sonhos. Muito mais do que naquela época de começo de carreira quando eu via todas aquelas meninas e pensava que precisava fazer exatamente como elas pra ser vista. Eu nunca fui como elas e por consequência nunca fui vista tanto quanto elas.

Porque no momento em que eu tiver que ser vista, vai ser por ser exatamente quem eu sou.