Espiritualidade cotidiana

imagem em tons terrosos de uma mulher loira de chapéu no alto de uma montanha com céu amarelo e uma floresta como paisagem

Uma das coisas que eu mais gosto de fazer (e não faço tanto quanto gostaria) é olhar para o céu. Isso sempre me traz uma percepção mais abrangente e me faz perceber o quanto as coisas são pequenas e efêmeras em relação à imensidão do Universo.

Eu me esforço muito para conciliar as realidades densa e sutil das coisas e não permitir que minha espiritualidade me torne insensível às causas do mundo físico e vice-versa.

No entanto, vai contra todos os meus instintos e tudo o que eu acredito negar a influência de uma mentalidade espiritual no cotidiano. E é por isso que decidi trazer alguns pontos que revelam de forma singela como a espiritualidade está presente na nossa forma de viver.

Espero que você se conecte.

Você vive pelo que acredita e não pelo que é verdade

Eu nem vou tentar dizer o que é verdade. Verdade pode ser tantas coisas diferentes para tantas pessoas em tantos contextos que isso seria tema para um livro.

Mas independente do que a ciência, livros sagrados ou [insira a sua verdade aqui] digam, você vive muito mais pelo que acredita do que pelas coisas que se provam verdade por experiência ou observação.

Você veio um ser humaninho em branco e, dependendo do que você ouviu e sentiu, vai perceber a vida de um jeito que parece a única maneira certa até se deparar com outras pessoas vivendo de outras maneiras, completamente diferentes da sua, e que estão se saindo muito bem.

Ter esse tipo de contato é essencial para que você se liberte para abrir mão de coisas que são incômodas, desnecessárias e que, às vezes, te aprisionam em um modo de viver que não te satisfaz plenamente.

Você não tem o controle sobre todas as coisas

É uma coisa óbvia que precisa ser dita muitas vezes. Porque você sabe disso e mesmo assim acredita que precisa saber de tudo e dar conta de tudo.

Você acha que precisa estar por dentro de todas as notícias do mundo, caso contrário isso te torna uma pessoa alienada. Mas já parou para pensar que se sentir drenada por causa de coisas que você não pode mudar te paralisa e te impede de agir no que, de fato, está ao seu alcance?

Eu costumo dizer que só dá para fazer o que dá para fazer (e isso já é muita coisa). Mas quando sua atenção está toda em situações completamente fora do seu alcance, você fica sem energia para agir no que está e, quem sabe um dia, ter algum tipo de possibilidade para fazer algo a respeito de causas maiores.

Ser é mais importante e vem antes de fazer

Eu sei que nem tudo é como a gente quer e que a vida na Terra tem muitos desafios. Mas você não pode usar isso como uma desculpa para se esquivar do destino natural das coisas que é o desenvolvimento.

Independente do seu propósito de vida, você está aqui para se desenvolver. E, com isso, não dá para ignorar que ser é mais importante do que ter ou fazer.

Muitas pessoas estão completamente investidas em fazer sem nem terem a noção de se o que estão fazendo concorda com quem elas são. E, sim, nem todo mundo pode realmente se dar ao luxo de pensar nisso.

Mas não estou falando com todo mundo, estou falando com você. Se você puder, invista no seu autoconhecimento e alinhe suas ações com quem você é. A motivação se alinha automaticamente quando você sabe que está agindo a partir de quem realmente é.

Você é menor e maior do que pensa

Com um pensamento alinhado à filosofia hermética, eu entendo que tudo o que é finito não é real. Então, todos os desafios e complicações desta vida são só um instante. E esta vida também é só um instante.

A nossa sociedade tem uma relação muito desconexa com o tema “morte”. Faz algum tempo que eu percebo que pensar nesse tema, me traz a mesma percepção de olhar para o céu: as coisas aqui embaixo perdem o senso de urgência e importância.

Você, enquanto corpo, enquanto o nome que tem, as roupas que veste, as coisas que possui, é menor do que a importância que dá aos que os outros pensam de você, da mágoa que você guarda das pessoas, da dor que você pode sentir quando ninguém vê.

Mas você, enquanto espírito, enquanto a consciência por trás de tudo o que faz de coração aberto, olhos brilhantes e a coragem de ser exatamente quem você é, é muito maior, mais valiosa e importante do que todas as coisas que não vão durar o suficiente para te ver crescer em todo o esplendor da sua alma.

Acredite no que te impulsiona, liberte-se do que não te serve mais e abrace a sua espiritualidade. Você é maior do que as preocupações passageiras. Conecte-se com a grandiosidade do seu ser interior. 🖤

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Você pode (e vai) mudar de ideia

Este é um daqueles textos com base em experiência pessoal direta. Eu estava assistindo a um vídeo e, por dentro, quase colocando em cheque uma criação em que eu tinha acabado de trabalhar. Quase recuei, mas depois pensei que no momento em que minha criação ocorreu aquilo era uma verdade para mim e, até aquele momento, ela continuava sendo. O que me assustou foi a possibilidade de mudar de ideia a partir do momento em que aquela criação fosse publicada.

E aí, eu pergunto: e qual seria o problema nisso?

Acho que acostumamos com a ideia de que é errado mudar ou que mudanças são menos importantes ou falsas porque em algum ponto da nossa história nós pensamos de outro jeito. E isso é uma coisa paralisante, assustadora e de uma ignorância bizarra. Porque a gente está aqui para evoluir mesmo. Se fosse para ficar presa nas mesmas ideias de sempre, qual seria o sentido?

Eu entendo que algumas pessoas se sintam particularmente ameaçadas por aquelas que se colocam no caminho da mudança, porque elas desafiam a ideia de que você pode guardar alguém em um potinho rotulado e catalogado. A ideia de que você sabe exatamente com quem está lidando é mais suportável do que entender que toda pessoa é um universo inteiro e complexo (você não conhece nem todas as nuances possíveis de você, que dirá dos outros).

Mudar de ideia não precisa ser um bicho de sete cabeças e nem condição obrigatória antes de dar vida às nossas ideias do jeito que elas estão, porque muitas das nossas mudanças só são possíveis a partir do movimento e do atrito com a vida. Nossas percepções, ideias e opiniões precisam da experiência e da exposição ao mundo lá fora para serem forjadas. Então, é normal que no teste de fogo algumas estruturas realmente se modifiquem.

A minha natureza sempre foi ir em busca da próxima coisa. Me abrir à lapidação e descartar conceitos que não me serviam mais. Acredito que é um gesto de coragem mudar quando tudo permanece igual, mas também permanecer igual quando tudo muda. E entender esses movimentos vem do que eu sempre falo: autoconhecimento. O que faz sentido manter? O que já passou da hora de ir?

Para o bem do que eu chamo aqui de evolução, você pode (e vai) mudar de ideia. E as outras pessoas também – algumas para melhor e outras para pior. Não tem nada de falso, de errado ou de incomum em mudar de ideia. Em muitos casos é até recomendável. E, se você está aí esperando o “tempo certo” de mostrar as suas criações, numa tentativa de cobrir todas as possíveis falhas e ter uma perspectiva irretocável, pare. Nosso amadurecimento vem com a vivência e não do excesso de autoproteção.

Exponha-se à vida. É assim que a gente evolui. 🖤

E se for só acreditar?

A gente ouve e diz muito que “não é só acreditar” que tudo vai acontecer magicamente na sua vida, partindo de um pressuposto de que acreditar é um verbo que induz à passividade. Mas e se o que estiver errado for a nossa ideia de acreditar e não a ideia de que não basta só acreditar?

Eu não sei você, mas todas as vezes em que eu acreditei numa ideia, em alguma capacidade minha ou em algum fato dado, eu agi de forma muito mais segura e determinada e as coisas aconteceram de forma muito mais natural.

Talvez você pense que acreditar em algo envolva necessariamente algo místico e não comprovado pela ciência. E eu não tô aqui pra desacreditar a ciência (pelo amor da deusa, inclusive), mas também não tô aqui pra ignorar o sutil e inefável porque simplesmente sei (ou acredito – e, na prática, isso faz pouca diferença) que isso afeta a mim e a várias pessoas cotidianamente.

Começa pelo que você pensa a respeito de si, das pessoas, do mundo lá fora. Começa pelo que você sente, como se permite ou não se sentir, como isso escapa de você e como você absorve o que vem de fora. As coisas que vêm de fora e as coisas que estão dentro se confundem, viram limites, crenças, pautam suas palavras, suas ações e, provavelmente, seus resultados.

Eu tento tomar cuidado com esse tipo de discurso pra não liberar a sociedade da responsabilidade que ela tem, mas também não jogar só na sociedade a responsabilidade individual que a gente tem de fazer a nossa parte – porque integramos a sociedade (o um é todos e todos são um). Sua vida ainda é sua responsabilidade, ainda que exista um sistema lá fora teoricamente responsável pelo bem estar geral.

Entender o seu papel na sua própria vida e a sua responsabilidade com você mesma, pra mim, é como a esperança no fundo da caixa de Pandora – não resolve todos os males do mundo, mas te dá motivos pra levantar da cama todos os dias, acreditar e fazer o que te cabe.

Não é uma esperança vazia ou acreditar em algo fantasioso. É se comprometer com seus sonhos, com seus desejos, com seus projetos e visões com a certeza de que nada é feito em vão. Com a mesma convicção com que você vai dormir à noite sabendo (ainda que não seja possível) que você vai acordar pela manhã. É dessa confiança que eu estou falando. A mesma confiança de colocar um pé na frente do outro acreditando (e, portanto, sabendo – mesmo sem ter como ter certeza) de que isso é caminhar e que você não vai cair à toa.

Acreditar, ter certezas, saber… A gente se escora tanto em “verdades” que são frágeis e podem mudar a qualquer momento e transforma em dúvida, incerteza e névoa tudo o que poderia tornar melhor este meio tempo chamado vida. Não tenha medo de acreditar no que é melhor pra você. Ou tenha, mas não permita que isso te paralise. E, acima de tudo, não precisa levar a ferro e fogo tudo o que eu disse aqui. Mas, caso se lembre e precise em algum momento, leve de brinde a pergunta: e se for só acreditar?