Déjà vu

Photo by Mario Azzi on Unsplash

Queria que você sentisse a minha falta como eu sinto a sua. E queria não precisar o tempo todo te lembrar que estou aqui. Sabe, essa parece ser mais uma das histórias que eu junto no currículo da vida pra me sentir experiente o bastante pra dar conselhos. Por mais que você seja tão diferente de tudo o que já passou por mim, ainda vejo similaridades, tenho déjà vu. E aí eu me recolho num canto, tentando não ligar, tentando apagar ou amenizar os danos de ter acreditado sozinha de novo.
Há dias como hoje em que eu tento dar um nome, colocar um rótulo e enfiar dentro de uma categoria, só pra me assustar menos, sentir menos, sofrer menos. Mas eu nem acredito que isso seja mesmo possível, mesmo sabendo que eu já deveria estar calejada, acostumada, curtida. Esse não é tipo de coisa a qual eu queira me acostumar a viver. Então sim, estou mais uma vez tirando o time de campo, querendo dar um tempo de tudo, sumir por uns tempos. Mas só paro de falar de mim o tempo todo e tento ser toda ouvidos pra pessoas diferentes.
Às vezes eu me pego olhando pro nada, visualizando uma cena que eu criei. Algumas vezes a cena é boa, na maioria das vezes é só o que eu tenho medo de reviver. Eu nunca chego a nenhum lugar bom com isso. E tento compensar produzindo alguma coisa útil, pra aliviar o peito, a consciência, pra não me sentir tão louca e egoísta por querer que você pense em mim tanto assim… A ponto de se sentir triste me imaginando com outro alguém. A ponto de perder a fome ou acordar com um sentimento confuso e que não diz nada.
Ontem eu fui dormir pensando que a gente não controla nada. Que a vida é isso e a gente precisa aprender a viver bem com o que tem. Você estava presente nesses pensamentos como um expectador. E eu queria poder quebrar a tela entre nós pra sentir um abraço que pudesse me levar pra longe de tudo.
Mas eu continuo aqui.
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Um bom motivo

Photo by Josh Felise on Unsplash

Eu te vi chegar de fininho, aos poucos, fazendo esforço pra não ser visto. Ri do quão engraçado foi ver você derrubar os livros e estragar seu disfarce. Você me olhou nos olhos e ergueu os ombros reprovando a sua própria falta de jeito em passar despercebido. Ainda me lembro daquele olhar e de como ele me fez sentir.
Outro dia você me ligou porque eu fui embora antes de você voltar e a gente não se despediu. E eu pensei “lá vamos nós outra vez”, revirei os olhos e achei tudo aquilo muito clichê. Já te achava legal e tudo, mas não imaginei que um dia eu pagaria pra ver. E olha que eu paguei… a língua. Te liguei no meio de uma tarde e uma chuva torrencial pra te dizer que não dava mais e que eu queria te ver. A sua risada entregou na hora tudo o que você esteve pensando durante todo esse tempo.
Dois dias depois a minha campainha tocou e era você. Meu susto, meu coração, minhas mãos trêmulas, minhas borboletas no estômago, minhas pernas bambas, minha cara de trouxa, você… no meu portão. Foi o abraço mais longo e apertado que eu dei em muito tempo. E eu prometi pra mim naquele dia que eu nunca te deixaria sair da minha vida.
Algumas vezes chove, outras faz sol. Algumas vezes eu tenho certeza, outras sou toda dúvidas. Têm dias que eu não vou a lugar algum e têm dias que eu faço as malas. Eu choro de medo e incerteza agora e depois sorrio de tantas possibilidades inexploradas. Eu tento ser daqui pra fora, mas no fundo eu sei que não iria a nenhum lugar em que não pudesse te encontrar.
Você tentou chegar sem alarme, sem barulho, sem atenção. Mas antes de estourar o silêncio, eu já tinha te visto. E por mais que eu tenha tentado negar de várias maneiras, no fundo eu sabia. Foi daquele olhar em diante que eu encontrei nas minhas próprias falhas um bom motivo pra continuar tentando.
E eu nunca desisti. 
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Pra você ficar


Você me olhou com carinho pela última vez naquele dia antes de fechar a porta. Eu achei que meu coração fosse pular pela boca, então sorri sem mostrar os dentes. Você foi doce e isso interrompeu a minha amargura. Eu te entendi pela milésima vez e isso doeu como sempre. Porque te entender não significa menos incômodo ou menos vontade de sumir daqui quando você me olha decidido a não ficar.
Eu fiz um trato pessoal de não tocar mais no assunto e nem em nada ao redor dele. Mas no domingo, quando eu te vi sorrir, achei que seria uma boa ideia acreditar. Mas não era. E eu não levei 24 horas pra compreender que estava me enganando outra vez. Tentar transformar as coisas em algo que elas não são só infringe dor. E já tem dor sobrando. Não precisamos de mais. Não precisamos de outra razão pra dizer adeus.
Pode parecer estranho, mas eu fiz questão de gravar cada momento na memória. O seu olhar, seu carinho e a mão na maçaneta da porta. Eu não sei se eu quis muito ver ou se realmente aconteceu, mas a maneira como seus dedos se fecharam na maçaneta me disse o quanto você gostaria de permanecer. E mesmo com tantos motivos pra ir, eu não posso em nenhum momento perder a esperança de que um dia você fique. E fique pra sempre.
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