Que tipo de protagonista é você?

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Todas nós somos feitas de histórias. As boas, as ruins e as que a gente mal se lembra. Todas essas histórias têm parte em quem nos tornamos. Mas a forma como a gente conta essas histórias importa muito. Porque é a partir dos trechos que a gente seleciona, dos pontos de vista e da importância que a gente dá para certos detalhes que é possível descobrir que tipo de protagonista a gente é. Você já parou para pensar nisso alguma vez?

Há algum tempo debati com uma amiga as características da protagonista de uma série que não era o melhor exemplo de mocinha a que estávamos acostumadas. Mas por que deveria ser? A arte confronta a gente nesses pontos às vezes. Nem todo mundo consegue ser herói o tempo todo. Protagonistas meio desajustados sempre me fazem questionar o meu próprio posicionamento na vida. Se isto aqui fosse uma série e eu fosse a espectadora (o que, de certa forma, também sou), será que eu me acharia uma protagonista chata?

A história é minha e, mesmo que eu não me veja no controle de muitas coisas, a forma como eu conto (até para mim mesma) esta história pode mudar a forma como eu lido com o que já me aconteceu, acontece e ainda pode acontecer. Eu poderia omitir minhas vitórias, exaltar os meus erros, desconsiderar episódios e fazer de conta que certas personagens jamais existiram. Talvez, com isso, montasse uma narrativa muito ruim e sem nexo que dificultasse a compreensão ou a conclusão da história. Tudo depende do tipo de protagonista eu me proponho a ser e, é claro, de que tipo de desfecho eu espero conseguir daqui para frente.

Escolher os rumos da sua história, as ações e reações da protagonista e a forma como tudo isso será contado, apesar de poder inspirar muitas pessoas que te assistem, são ajustes que você precisa fazer considerando o seu próprio ponto de vista e tesão em viver a própria vida. É você quem se assiste, se ouve, se sente e se vive em tempo integral. A sua história está fazendo sentido para você? Como você poderia contar e viver essa vida de um jeito que te orgulhe e te coloque no papel principal, que é o lugar ao qual você pertence?

O silêncio entre todos os ruídos

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Autoconhecimento. Eu tenho revirado minha cabeça em busca de entender no que me ajuda esse tal do autoconhecimento. E sei que ajuda muito. Por exemplo, quando você conhece os seus gostos, as suas reações e a sua forma de pensar, você consegue perceber quando tem alguém tentando te manipular. Você já conhece seu jeito de funcionar. Você entende quando tem alguém tentando mexer com a sua cabeça ou tentando fazer você se sentir de um jeito que não é o seu jeito.

O autoconhecimento pode proteger a gente dos outros, mas também protege a gente de si mesma em diversas situações. Quando a voz sabotadora na nossa cabeça começa a falar e inventar mil motivos pelos quais a gente não é boa o bastante, não é inteligente ou bonita o bastante. Reconhecer que a gente pode se aperfeiçoar é completamente diferente de subestimar os nossos esforços e as nossas capacidades. Quando você se conhece, conhece as suas habilidades e a sua força, você reconhece essa voz sabotadora quando ela surge.

A maior armadilha pra mim atualmente é a falsa sensação de que a realização está atrás de uma grande conquista. Aquela esperança que a gente tem de que só vai ser feliz, bem sucedida e completa quando aquela tal coisa acontecer. E quanto mais eu me conheço, quanto mais me investigo e exploro traços da minha personalidade, mais eu percebo que eu dificilmente vou me sentir plena depois se eu não conseguir encontrar a plenitude agora. E quando eu falo de plenitude, eu não estou falando de perfeição, de uma vida sem falhas ou de uma existência cem por cento feliz e livre de problemas.

Eu tenho procurado a plenitude do agora. E é um conceito tão difícil de entender e de explicar, mas que ao mesmo tempo parece tão simples que chega a dar um nó na cabeça. Sabe quando você tá num lugar muito barulhento? Se você parar e se concentrar, você consegue perceber o silêncio entre todos os ruídos. Um ruído branco na hora de dormir preenche o silêncio, mas ele ainda está ali. E, pra mim, internalizar isso é a tarefa mais importante do momento.

O mundo está acontecendo e não está tudo bem lá fora. Mas o silêncio está lá também. Aquele espaço vazio do qual as pessoas têm tanto medo que criam um mundo de caos pra não precisar lidar com ele. Eu não preciso fechar os olhos pra tudo pra lidar com esse silêncio. Mas reconhecer que, de alguma forma esquisita, já está tudo bem aqui dentro, é a melhor maneira de contribuir pra que em algum momento tudo esteja bem também do lado de fora.

Você tem medo de inveja?

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Foi conversando com uma amiga que chegamos à conclusão de que não falar sobre os nossos planos para outras pessoas, pelo menos para nós, tem muito mais a ver com não gastar a energia destinada a eles do que com inveja. Eu não sou muito adepta de dar margem à inveja. E não é que eu não acredite que isso aconteça. Só não acho certo a gente dar muita atenção para esse tipo de coisa.

As pessoas que invejam são as mesmas que dão pouco crédito ao seu sucesso porque acham que fariam escolhas melhores no seu lugar. E a gente sabe que se isso fosse verdade, elas estariam colocando energia em construir algo em vez de cobiçar vidas que elas não trabalharam para ter. Sendo assim, eu tenho mais com o que ocupar meu tempo do que dando trela para esse tipo de coisa. Faço o meu, me conecto com a minha espiritualidade e os invejosos que lutem.

Mas como eu ia dizendo, não contar as coisas que eu pretendo, planejo e começo a fazer tem muito mais a ver com a minha credibilidade comigo mesma do que com inveja. Percebo que sempre que eu falo sobre os meus planos cedo demais (para as pessoas mais próximas e confiáveis), eu desperdiço toda a minha energia falando desses planos e não sobra nada para fazer acontecer. É quase como se depois de falar, a coisa toda perdesse a magia. E eu acabo deixando para lá.

Acho que é tudo parte de uma autossabotagem das grandes. Então, eu mantenho as grandes ideias para mim e vou deixando as pessoas perceberem o que está acontecendo aos poucos quando me veem colocando em prática. Porque falar muito sobre as minhas ideias faz com que elas se percam e eu preciso que elas estejam aqui comigo. Por mais lindo que seja a gente ter pessoas que nos amam sonhando com a gente, eu me sinto muito frustrada quando não consigo cumprir minha palavra.

Então, em vez de falar como é incrível o meu plano para conquistar o mundo, eu só mantenho isso em mente e vou aos poucos executando esse plano. É muito melhor a surpresa de ter conquistado do que a expectativa frustrada de algo que foi muito falado e acabou arquivado.