Autoconhecimento sem fronteiras

Categoria: Matriz Alecrin Page 8 of 21

Assuntos referentes ao autoconhecimento, rotina & um pouquinho de magia.

Respeite a sua história

Photo by Colton Sturgeon on Unsplash

Em um mundo cada vez mais digitalizado, ficou mais fácil editar não só nossa aparência, mas também a nossa vida para que tudo fique cada vez mais aesthetic, simétrico e perfeito. Com isso, ficou também muito mais fácil a gente comparar nosso tapete antigo e surrado com a grama sintética recém instalada e verdinha dos vizinhos que a gente pode jurar (dada a grande quantidade de filtros e efeitos) que é natural. Ficou cada vez mais comum sentir a tal da frustração com as partes das nossas vidas que não são instagramáveis, enquanto comparamos o nosso dia a dia e nossos bastidores com o palco de outras pessoas. Isso sem contar que a gente também alimenta esse sistema editando a nossa vida e mostrando só as partes legais. Fica fácil acreditar que tudo é perfeito, mesmo que no fundo a gente saiba que não é bem assim.

Enquanto vemos tantas vidas, fotos, corpos e projetos perfeitos, é comum sentir a necessidade de resetar a nossa existência, começar tudo de novo sendo novas e melhores pessoas. A possibilidade de recomeçar sempre vem como uma excelente alternativa à nossa falta de perspectiva, de desenrolo com os problemas atuais e com a ideia de que tudo vai ser diferente a partir de agora. Essa possibilidade vem acompanhada do sentimento de querer fazer melhor, de uma esperança iludida de deixar para trás quem a gente foi, as coisas erradas que a gente fez, de abandonar toda a confusão que a gente já sentiu, tomar decisões mais acertadas, endireitar nossos passos, encontrar nosso rumo e, enfim, se comprometer com o nosso progresso.

Não me leve a mal. Eu acho importante demais saber a hora de desistir de alguma coisa, de saber se reinventar e recomeçar quando é necessário. Mas acho que também é necessário haver alguma resiliência ou nos tornamos viciadas em recomeçar. Porque recomeçar, muitas vezes, é a alternativa fácil. É a alternativa de quem não sabe lidar com o meio do processo, de quem evita sentir a frustração de não saber como enfrentar novos desafios e de quem prefere o conforto de ser sempre iniciante em alguma coisa – o nível de responsabilidade é menor, as cobranças são menores e a desculpa de estar “só começando” é uma aliada perfeita ao nosso medo de se tornar grande demais. Recomeçar é recurso para quem já tentou de tudo e precisa de novos ares. Não é um recurso para quem tem medo do próximo passo e do quanto esse passo leva para mais fundo e para mais dentro do mar.

Imagine que você está dentro de um barco em alto mar e, embora saiba aonde quer chegar, toda vez que sente que se perdeu você volta para o porto. Você dificilmente vai conseguir chegar aonde quer porque está sempre voltando para o mesmo lugar – o começo. Agora imagine que sempre houve uma bússola em perfeito estado dentro deste barco mas que, por desconfiar da sua capacidade de interpretar o funcionamento dela, você continuou tomando a mesma decisão de voltar para o porto seguidas vezes. Parece insensato, não é mesmo? Mas a gente faz isso em outros contextos e, muitas vezes, sem perceber.

A vontade de começar “do zero” e ter uma trajetória livre de máculas nos impede de perceber que muitas histórias já foram escritas, muitas lições aprendidas e muitas habilidades foram desenvolvidas porque o nosso caminho foi exatamente do jeito que já aconteceu. Por mais que a gente queira jogar uma pá de terra em cima do nosso passado, ele não vai mudar. A gente pode dar sentido a tudo o que já viveu e usar essas bases para construir uma história nova sem precisar desconsiderar o que veio antes, porque o que veio antes permitiu que a gente se tornasse o que é agora – para o bem ou para o mal, não é deletando o seu passado que você resolve o seu futuro, mas fazendo escolhas conscientes no presente.

Quem é você no silêncio?

Photo by Brett Jordan on Unsplash

Estamos tão acostumadas a viver no meio de muitos estímulos, abraçar a correria diária, o ter que dar conta, a multipotencialidade e suas mil tarefas, que dificilmente sabemos dizer quem somos sem isso tudo. A gente automaticamente se define pelas coisas que faz, que não faz e que quer fazer. E embora eu acredite que essas coisas sejam boas pistas, não acredito que essencialmente nós sejamos essas coisas – mas que nos identificamos com elas. A maioria das certezas que a gente carrega a respeito de quem somos, são definidas por contextos. E a parte essencial de todas nós está muito além dos contextos a que fomos e somos condicionadas – consciente ou inconscientemente.

Existe um vazio e um silêncio entre e por trás de todas as coisas e se conectar com isso é uma tarefa de concentração e desapego (do controle, das certezas, dos rótulos). Esse desapego muitas vezes é exatamente o que a gente precisa praticar para que coisas novas tenham a oportunidade de surgir e se mostrarem. Como em um momento de “distração” em que somos atingidas por uma ideia ou inspiração. Essa distração não era distração de verdade, mas sim presença, foco no que importava viver que era aquele momento. É dessa pessoa não distraída, mas entretida, receptiva e presente que eu estou falando. Quem é ela? Quando ela se entretém? Com o que ela se entretém?

O que você faz quando nada precisa ser feito? O que você diz quando as palavras já não são mais necessárias? O que você cria quando nada precisa ser feito ou criado? Quando o vazio e o silêncio te encontram de peito aberto e a vida apenas é (sem adjetivos), quem é você? Entre e por trás dos medos, das incertezas, das inseguranças, dos traumas… Entre e por trás de todas as coisas que fazem volume em ruído e massa e não te deixam perceber que você já é perfeita do seu jeito (que é o único jeito que importa porque ninguém além de você tem), quem é você?

Embora sejamos feitas essencialmente da mesma matéria, há coisas que nos fazem únicas. Individualidade é uma coisa maravilhosa. Significa que a forma como você faz algo só você pode fazer. E não é que ninguém mais no mundo vá ser capaz de fazer aquela mesma coisa. Só que ninguém vai ser capaz de fazer aquela mesma coisa do mesmo jeito que você faz, porque só tem uma de você. E é dessa você que eu tô falando. Você sabe me dizer quem é ela? O mundo precisa conhecê-la!

Você não é uma fraude

Photo by Marija Zaric on Unsplash

A ideia de falar sobre isso vem de um sentimento que é meu também, mas que existe porque muitas crenças estão enraizadas na nossa cabeça. Essas crenças seguem uma cartilha de aspectos que fazem parte da nossa vida (o fato de sermos mulheres, de sermos jovens ou velhas demais para coisas que a idade não importa, termos mais ou menos grana…) e que, se olhadas de perto, com apresentação de dados e argumentos, elas nem fazem sentido.

Recentemente, eu cheguei à conclusão de que padrões negativos de pensamento são praticamente um vício. A gente precisa vigiar constantemente, fazer um esforço real e consciente para não se deixar levar por vozes na nossa cabeça que estão dizendo o tempo todo que a gente não vai conseguir ou que não faz a menor ideia do que está fazendo.

Para todas essas vozes, a resposta é: não dá para conseguir sem tentar e se eu não sei o que estou fazendo, eu posso aprender. Do mesmo modo que, em algum momento, a minha versão no passado aprendeu a duvidar da própria capacidade ou a ter medo de tentar porque errar às vezes dói. Tentar e errar fazem parte do mesmo processo: aprender.

A gente pode até ter nascido sabendo de algumas coisas que teve que esquecer para se adequar, mas agora o nosso trabalho é relembrar, redescobrir e reacender a certeza de que está tudo bem. Se você está lendo isso, está tudo bem. Eu acredito em você e sei que você não é uma fraude.

Se você fosse uma fraude, você estaria fazendo qualquer outra coisa na vida, menos lendo um texto que te diz que você não é uma fraude. Ninguém que está voluntariamente agindo contra princípios teria esse tipo de preocupação. Então, acredite que qualquer coisa que você não saiba, você pode aprender. E qualquer coisa que você ainda não tenha conseguido, você pode tentar de novo.

Se é para o seu crescimento, para o seu bem estar e para que a sua verdadeira natureza se revele, vá atrás disso com toda a força que você tiver! Estamos juntas ♡

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