autoconhecimento sem fronteiras

Categoria: Provocando a Realidade Page 6 of 20

Ensaios e reflexões filosóficas sobre autoconhecimento, organização pessoal e autonomia feminina.

O que você realmente deseja?

Você já parou para se perguntar o que você realmente deseja?

Eu gostava muito quando o Lucifer (da série da Netflix) perguntava para os suspeitos de crimes o que eles realmente desejavam e as respostas eram sempre aleatórias e embaraçosas. Isso porque, por causa do poder que ele tinha, as pessoas se despiam por um breve momento de seus julgamentos e falavam a verdade nua e crua, por mais bizarra que fosse.

Eu gosto de pensar que a nossa experiência na Terra tem a ver com descobrirmos nossos desejos, a nossa capacidade de realizar esses desejos e, através da realização desses desejos, criarmos uma onda de inspiração, de contribuição e de evolução que permite que não apenas nós, mas todas as pessoas avancem e passem para a próxima fase do que é existir.

Infelizmente, vejo que estamos presas em uma indefinição. Porque as pessoas não conhecem os próprios desejos, não os assumem ou se sufocam dando muito mais atenção e força aos seus anseios, medos e desafetos do que àquilo que elas realmente desejam.

As pessoas que não conhecem os próprios desejos (as que vivem no automático, geralmente) são as que absorveram o que as pessoas à sua volta ou a sociedade disseram que ela poderia ou deveria desejar. Desejos herdados, construídos por outras pessoas e sistemas, que elas nunca questionaram nem para entender se são realmente “desejos” ou apenas uma lista de tarefas que assumiram por acharem que deviam algo a alguém.

Desejar é ter ambições. E tanto desejo quanto ambição são palavras que expressam intensidade. Mas nenhuma delas precisa indicar descontrole. Assim como nenhuma precisa ser riscada do vocabulário feminino, porque podemos desejar, ser ambiciosas e não há absolutamente nada de errado nisso. Desejar é ter gana de viver. Um motivo para se comprometer com a vida que não passe necessariamente pelas demandas de outras pessoas.

Descobrir seus desejos exige uma viagem para dentro de si. Assim como destravar os caminhos para a realização desses desejos também exige essa viagem para entender quais são as limitações e julgamentos que você pode ter acerca deles.

Eu acho que vale mais a pena você descobrir e curar o que te impede de assumir os seus desejos do que justificar a existência deles. Seus desejos não precisam ser justificados, eles precisam apenas ser sinceros. Você deseja porque está viva, porque é saudável, porque tudo em você pulsa, vibra e clama por mais vida e realização.

Desejar é um ciclo interminável. Enquanto você existir, você vai desejar. Então, acolha, respeite e se comprometa a ir em busca dos seus desejos. Talvez nem todos se cumpram, mas você vai preferir viver em função deles do que fazendo de conta que eles não existem. 🖤

Você pode (e vai) mudar de ideia

Este é um daqueles textos com base em experiência pessoal direta. Eu estava assistindo a um vídeo e, por dentro, quase colocando em cheque uma criação em que eu tinha acabado de trabalhar. Quase recuei, mas depois pensei que no momento em que minha criação ocorreu aquilo era uma verdade para mim e, até aquele momento, ela continuava sendo. O que me assustou foi a possibilidade de mudar de ideia a partir do momento em que aquela criação fosse publicada.

E aí, eu pergunto: e qual seria o problema nisso?

Acho que acostumamos com a ideia de que é errado mudar ou que mudanças são menos importantes ou falsas porque em algum ponto da nossa história nós pensamos de outro jeito. E isso é uma coisa paralisante, assustadora e de uma ignorância bizarra. Porque a gente está aqui para evoluir mesmo. Se fosse para ficar presa nas mesmas ideias de sempre, qual seria o sentido?

Eu entendo que algumas pessoas se sintam particularmente ameaçadas por aquelas que se colocam no caminho da mudança, porque elas desafiam a ideia de que você pode guardar alguém em um potinho rotulado e catalogado. A ideia de que você sabe exatamente com quem está lidando é mais suportável do que entender que toda pessoa é um universo inteiro e complexo (você não conhece nem todas as nuances possíveis de você, que dirá dos outros).

Mudar de ideia não precisa ser um bicho de sete cabeças e nem condição obrigatória antes de dar vida às nossas ideias do jeito que elas estão, porque muitas das nossas mudanças só são possíveis a partir do movimento e do atrito com a vida. Nossas percepções, ideias e opiniões precisam da experiência e da exposição ao mundo lá fora para serem forjadas. Então, é normal que no teste de fogo algumas estruturas realmente se modifiquem.

A minha natureza sempre foi ir em busca da próxima coisa. Me abrir à lapidação e descartar conceitos que não me serviam mais. Acredito que é um gesto de coragem mudar quando tudo permanece igual, mas também permanecer igual quando tudo muda. E entender esses movimentos vem do que eu sempre falo: autoconhecimento. O que faz sentido manter? O que já passou da hora de ir?

Para o bem do que eu chamo aqui de evolução, você pode (e vai) mudar de ideia. E as outras pessoas também – algumas para melhor e outras para pior. Não tem nada de falso, de errado ou de incomum em mudar de ideia. Em muitos casos é até recomendável. E, se você está aí esperando o “tempo certo” de mostrar as suas criações, numa tentativa de cobrir todas as possíveis falhas e ter uma perspectiva irretocável, pare. Nosso amadurecimento vem com a vivência e não do excesso de autoproteção.

Exponha-se à vida. É assim que a gente evolui. 🖤

E se for só acreditar?

A gente ouve e diz muito que “não é só acreditar” que tudo vai acontecer magicamente na sua vida, partindo de um pressuposto de que acreditar é um verbo que induz à passividade. Mas e se o que estiver errado for a nossa ideia de acreditar e não a ideia de que não basta só acreditar?

Eu não sei você, mas todas as vezes em que eu acreditei numa ideia, em alguma capacidade minha ou em algum fato dado, eu agi de forma muito mais segura e determinada e as coisas aconteceram de forma muito mais natural.

Talvez você pense que acreditar em algo envolva necessariamente algo místico e não comprovado pela ciência. E eu não tô aqui pra desacreditar a ciência (pelo amor da deusa, inclusive), mas também não tô aqui pra ignorar o sutil e inefável porque simplesmente sei (ou acredito – e, na prática, isso faz pouca diferença) que isso afeta a mim e a várias pessoas cotidianamente.

Começa pelo que você pensa a respeito de si, das pessoas, do mundo lá fora. Começa pelo que você sente, como se permite ou não se sentir, como isso escapa de você e como você absorve o que vem de fora. As coisas que vêm de fora e as coisas que estão dentro se confundem, viram limites, crenças, pautam suas palavras, suas ações e, provavelmente, seus resultados.

Eu tento tomar cuidado com esse tipo de discurso pra não liberar a sociedade da responsabilidade que ela tem, mas também não jogar só na sociedade a responsabilidade individual que a gente tem de fazer a nossa parte – porque integramos a sociedade (o um é todos e todos são um). Sua vida ainda é sua responsabilidade, ainda que exista um sistema lá fora teoricamente responsável pelo bem estar geral.

Entender o seu papel na sua própria vida e a sua responsabilidade com você mesma, pra mim, é como a esperança no fundo da caixa de Pandora – não resolve todos os males do mundo, mas te dá motivos pra levantar da cama todos os dias, acreditar e fazer o que te cabe.

Não é uma esperança vazia ou acreditar em algo fantasioso. É se comprometer com seus sonhos, com seus desejos, com seus projetos e visões com a certeza de que nada é feito em vão. Com a mesma convicção com que você vai dormir à noite sabendo (ainda que não seja possível) que você vai acordar pela manhã. É dessa confiança que eu estou falando. A mesma confiança de colocar um pé na frente do outro acreditando (e, portanto, sabendo – mesmo sem ter como ter certeza) de que isso é caminhar e que você não vai cair à toa.

Acreditar, ter certezas, saber… A gente se escora tanto em “verdades” que são frágeis e podem mudar a qualquer momento e transforma em dúvida, incerteza e névoa tudo o que poderia tornar melhor este meio tempo chamado vida. Não tenha medo de acreditar no que é melhor pra você. Ou tenha, mas não permita que isso te paralise. E, acima de tudo, não precisa levar a ferro e fogo tudo o que eu disse aqui. Mas, caso se lembre e precise em algum momento, leve de brinde a pergunta: e se for só acreditar?

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