Você pode (e vai) mudar de ideia

Este é um daqueles textos com base em experiência pessoal direta. Eu estava assistindo a um vídeo e, por dentro, quase colocando em cheque uma criação em que eu tinha acabado de trabalhar. Quase recuei, mas depois pensei que no momento em que minha criação ocorreu aquilo era uma verdade para mim e, até aquele momento, ela continuava sendo. O que me assustou foi a possibilidade de mudar de ideia a partir do momento em que aquela criação fosse publicada.

E aí, eu pergunto: e qual seria o problema nisso?

Acho que acostumamos com a ideia de que é errado mudar ou que mudanças são menos importantes ou falsas porque em algum ponto da nossa história nós pensamos de outro jeito. E isso é uma coisa paralisante, assustadora e de uma ignorância bizarra. Porque a gente está aqui para evoluir mesmo. Se fosse para ficar presa nas mesmas ideias de sempre, qual seria o sentido?

Eu entendo que algumas pessoas se sintam particularmente ameaçadas por aquelas que se colocam no caminho da mudança, porque elas desafiam a ideia de que você pode guardar alguém em um potinho rotulado e catalogado. A ideia de que você sabe exatamente com quem está lidando é mais suportável do que entender que toda pessoa é um universo inteiro e complexo (você não conhece nem todas as nuances possíveis de você, que dirá dos outros).

Mudar de ideia não precisa ser um bicho de sete cabeças e nem condição obrigatória antes de dar vida às nossas ideias do jeito que elas estão, porque muitas das nossas mudanças só são possíveis a partir do movimento e do atrito com a vida. Nossas percepções, ideias e opiniões precisam da experiência e da exposição ao mundo lá fora para serem forjadas. Então, é normal que no teste de fogo algumas estruturas realmente se modifiquem.

A minha natureza sempre foi ir em busca da próxima coisa. Me abrir à lapidação e descartar conceitos que não me serviam mais. Acredito que é um gesto de coragem mudar quando tudo permanece igual, mas também permanecer igual quando tudo muda. E entender esses movimentos vem do que eu sempre falo: autoconhecimento. O que faz sentido manter? O que já passou da hora de ir?

Para o bem do que eu chamo aqui de evolução, você pode (e vai) mudar de ideia. E as outras pessoas também – algumas para melhor e outras para pior. Não tem nada de falso, de errado ou de incomum em mudar de ideia. Em muitos casos é até recomendável. E, se você está aí esperando o “tempo certo” de mostrar as suas criações, numa tentativa de cobrir todas as possíveis falhas e ter uma perspectiva irretocável, pare. Nosso amadurecimento vem com a vivência e não do excesso de autoproteção.

Exponha-se à vida. É assim que a gente evolui. 🖤

Publicado por

Elisa Alecrin

Provocando a realidade de dentro para fora e documentando o processo.

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