Conselho de amiga


Quanto tempo a gente leva pra perceber quem se tornou? Assim, numa conversa informal com as amigas, em que contamos nossas histórias, mostramos nossas marcas, compartilhamos dores e risadas… A gente se vê naquelas histórias que não incomodam mais, mas fizeram parte da gente em algum momento.
 
Aquilo que a gente ainda sente, sai sempre entre gaguejos e palavras indefinidas que não conseguem explicar o ocorrido. E, quem é de verdade, sempre percebe o que você tá tentando dizer. Quem não é de verdade sempre dá um jeito de te ferrar com as verdades que você diz sem querer. Fazer o quê? A gente se engana às vezes com as pessoas, mas tudo bem. Isso também acaba ajudando a ser quem somos.
 
Um monte de gente me disse que o que eu sentia não era normal e que eu precisava dar um jeito naquilo. Uma pessoa me disse que era natural e fez tão pouco caso de tudo que me fez pensar por que eu estava supervalorizando uma coisa daquelas. Quem tem razão? Sei lá. Mas tudo pareceu tão insignificante de repente que eu tive vontade de rir. E ri demais de histórias que não são minhas, mas que me ajudam a escrever a minha.
 
E me diziam “anota essa dica”, “aprende uma coisa”… Eu ouvi tudo, mas não anotei na hora e, por isso, tive que aprender algumas coisas na cara dura. Com quedas, com erros, com joelhos ralados. Mas foram coisas que aprendi pra chegar no meio da conversa e dizer pra novata “anota essa dica”, “aprende uma coisa”… E, se ela for esperta, vai aprender com os erros, com as dores e também as conquistas que não são dela (ainda).
 
O melhor dessa loucura toda é saber que não estamos sós. É perceber que todo mundo chora, todo mundo sofre, todo mundo já foi (ou é) meio idiota e que todo mundo errou alguma vez pra nunca mais. E que, mesmo que algumas experiências se pareçam muito, a forma como cada pessoa lida com elas resulta em características bem diferentes de uma pessoa pra outra. E que, no meio de uma conversa informal entre amigas, esse é o charme.
 
Cada uma com sua experiência e com sua contribuição. Cada uma com seu jeito que ajuda (ou prejudica) o processo de formação do jeito da outra. E assim por diante. Porque sempre podemos descobrir uma coisa nova sobre nós. E sempre podemos mudar também. Basta querer.
• • •
» Follow me «

SpotifyInstagram | YouTube

Deixe seu comentário

Fantasmas


Hoje eu vi alguém que me lembrou você. E pensei que se eu te conhecesse numa situação parecida, numa festa, sem tanta cobrança, sem tanto contexto em volta, tudo poderia ter sido diferente. O meu medo seria menor, sua covardia não teria aparecido da mesma forma. E, sei lá, talvez a gente pudesse ser. Ser de verdade, ser diferente, ser inteiramente, ser e não ter medo do que iriam dizer. Sem ter medo do que viria depois.
Eu lembro de uma menina confusa, querendo ser alguém na sua vida. Uma amiga, uma parceira, uma presença. E terminou sendo uma estranha. Porque é o que acontece quando o amor não acha jeito. Ele vira desconforto, estranhamento. Duas pessoas que queriam tanto e de uma hora pra outra não são mais nada. Mas é a vida. E é comum eu topar com fantasmas por aí e imaginar o que poderia ter acontecido se a história começasse de um jeito diferente. O que não muda nada no fim das contas.
Imaginar hoje como poderia ter sido tempos atrás me tirou um peso das costas. É como se eu pudesse ver uma faceta sua que eu sempre quis acreditar como sendo real. E agora longe de todas as maneiras possíveis, penso que é uma boa memória pra guardar. Mesmo sendo falsa. É aquela parte que a gente insiste em guardar numa gaveta no cantinho do coração pra justificar dizendo que foi bom enquanto durou. Mesmo que não tenha durado e nem sido bom.

• • •
Follow Me:
YouTube | Instagram | Spotify

Deixe seu comentário

A velha vontade

 
A primeira alternativa das pessoas é sempre rir daquilo com que elas não sabem lidar. Tem ali um coração pulsando, uma alma com desejos, com sonhos, talvez uma inexperiência quando o assunto é realmente parar de inventar assunto e perceber o que se sente. Porque dificilmente se repara no que não está sendo dito. E quando se repara, não se repara, mas se supõe e aí dá tudo errado. Fingir entender é pior que não entender.
 
Quantas vezes eu só esperei uma deixa, uma brecha, uma oportunidade pra transbordar de intenções e te abraçar sem medo… E a resposta quase sempre foi você virando a cabeça pro outro lado enquanto eu ensaiava dizer “te gosto tanto”. Tem uma hora que a gente cansa, mas não deixa de sentir. É só que a gente acorda um dia com preguiça de sofrer e só vai levando. Acumulando decepções e frases que nunca vão ser ditas nem subentendidas. Porque você preferiu rir disso tudo em vez de entender por que eu estava sendo tão bizarra.
 
E eu continuei sendo bizarra, sendo louca, sendo muito chata. Isso tudo porque eu tentei ontem, anteontem e na semana passada. E há dez meses atrás também. Eu tentei ser menos, fiz o “teatro da moça banal”, vesti todos os personagens acreditando que só essa história, pelo menos essa, teria final feliz. Mais uma vez eu medi errado os meus passos e terminei com os pés descalços, os sapatos nas mãos e a velha vontade de voltar pra casa sem nunca ter saído dela.
 
• • •
Follow Me:
YouTube | Instagram | Spotify

Deixe seu comentário